CHINA EM FOCO

China se prepara para desafios da era Trump na economia

Potência asiática realiza dois eventos-chave para iniciar um próximo ano de desafios: Diálogo "1+10" com Banco do BRICS, FMI, Banco Mundial, OMC e outros e reunião econômica do Politburo do Partido Comunista

China promove Diálogo 1 + 10.Premier Lin Qian recebe lideranças de organismos financeiros internacionais em Pequim para o evento Diálogo 1 + 10Créditos: Xinhua
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Em meio às expectativas de recrudescimento da guerra tarifária dos EUA contra a China e de um cenário geopolítico complexo em 2025, lideranças chinesas participam de eventos econômicos importantes nesta semana: reunião dos principais líderes do Partido Comunista da China (PCCh) e encontro do primeiro-ministro chinês com líderes de bancos de desenvolvimento.

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Nesta segunda-feira (9), o Bureau Político do Comitê Central do PCCh realizou uma reunião para analisar e planejar o trabalho econômico para 2025, além de discutir medidas para melhorar a conduta do Partido e intensificar o combate à corrupção.

O encontro foi presidido por Xi Jinping, secretário-geral do Comitê Central do PCCh, e destacou que o ano de 2024 será crucial para alcançar as metas estabelecidas no 14º Plano Quinquenal (2021-2025). 

Segundo os líderes, a economia chinesa manteve-se estável com progresso significativo em áreas como força econômica, avanços científicos e tecnológicos, e fortalecimento nacional abrangente.

Políticas econômicas e reformas para 2025

A reunião enfatizou a necessidade de adotar políticas macroeconômicas mais proativas e eficazes em 2025, incluindo uma política fiscal ativa e política monetária moderadamente flexível.

Além do fortalecimento de ferramentas de políticas econômicas, ajustes contracíclicos não convencionais e maior coordenação entre diferentes políticas para aumentar sua eficácia.

O Bureau Político destacou a importância de estimular o consumo doméstico e expandir a demanda interna; melhorar a eficiência dos investimentos; desenvolver um sistema industrial moderno, impulsionado pela inovação científica e tecnológica; e aprofundar reformas econômicas para garantir a implementação eficaz de medidas estratégicas.

Abertura econômica

Os líderes chineses reiteraram o compromisso de expandir a abertura econômica em padrões elevados, estabilizar o comércio e os investimentos externos, e prevenir riscos sistêmicos em setores-chave da economia.

Além disso, foi destacada a necessidade de promover o desenvolvimento integrado de áreas urbanas e rurais; avançar estratégias de desenvolvimento regional; acelerar a transição verde em todas as áreas do desenvolvimento econômico e social; e garantir e melhorar o bem-estar da população.

Fortalecimento da liderança e combate à corrupção

O encontro do alto escalão do PCCh também destacou o papel da liderança do Partido na supervisão do trabalho econômico, assegurando que as decisões do Comitê Central do PCCh sejam plenamente implementadas.

A reunião reafirmou o compromisso com o combate à corrupção, determinando que os órgãos de inspeção disciplinar mantenham uma postura rigorosa e que a supervisão regular inclua a execução de reformas importantes.

“Devemos abordar com seriedade os casos de má conduta e corrupção que afetam diretamente a vida das pessoas, garantindo que os frutos das reformas e do desenvolvimento sejam compartilhados de forma mais justa e ampla pela população”, afirmou a nota emitida pelo comitê.

Próximos passos

Antes da reunião, Xi Jinping presidiu o encontro do Comitê Permanente do Bureau Político, onde foi apresentado um relatório sobre o trabalho da Comissão Central de Inspeção Disciplinar (CCDI) e da Comissão Nacional de Supervisão em 2024.

Ficou decidido que a quarta sessão plenária do 20º CCDI ocorrerá de 6 a 8 de janeiro de 2025, sinalizando continuidade no fortalecimento das práticas anticorrupção.

As diretrizes traçadas reafirmam o compromisso do PCCh em manter a estabilidade econômica, promover reformas abrangentes e consolidar a transição para um modelo de desenvolvimento mais sustentável e equitativo.

Diálogo "1+10" com líderes de instituições internacionais

O Diálogo "1+10", realizado em Pequim nos dias 8 e 9 de dezembro, reuniu o premiê chinês Li Qiang e líderes de dez grandes organizações econômicas internacionais.

Li teve durante encontros com a presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o Banco do BRICS, Dilma Rousseff; o presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, a diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, e a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, que estavam em Pequim para o Diálogo "1+10".

Sob o tema "Construindo Consenso sobre Desenvolvimento para Promover a Prosperidade Global Comum", o evento destacou a busca por soluções conjuntas para os desafios econômicos globais. 

Li anunciou que a China intensificará esforços para expandir o consumo doméstico, aprofundar reformas econômicas e ampliar sua abertura ao mercado global, com o objetivo de fortalecer a recuperação econômica mundial.

Apoio ao multilateralismo e desenvolvimento global

Li reafirmou o compromisso da China com a globalização e o multilateralismo, ressaltando que a estabilidade e o crescimento global só podem ser alcançados por meio da cooperação e do benefício mútuo. Ele destacou o papel da China como um dos principais motores da economia global, comprometendo-se a injetar mais previsibilidade e confiança nos mercados internacionais.

Além disso, o premiê enfatizou a disposição do país em apoiar a expansão do Banco do BRICS, promover reformas no sistema de comércio multilateral e colaborar com o FMI para fortalecer a estabilidade financeira global e enfrentar desafios como as mudanças climáticas.

Reconhecimento internacional

Líderes das instituições presentes elogiaram o papel da China na defesa da paz, do desenvolvimento global e do multilateralismo. Também destacaram os resultados significativos do país na melhoria do ambiente de negócios, ampliação da abertura econômica e contribuição para o desenvolvimento de países menos favorecidos, especialmente no Sul Global.

Perspectivas para a economia global em 2025

As previsões para a economia global em 2025 variam entre especialistas chineses e ocidentais, o que reflete diferentes perspectivas sobre o crescimento econômico da China e das principais potências ocidentais.

O FMI projeta um crescimento global de 3,2% tanto para 2024 quanto para 2025, indicando uma estabilidade em relação aos anos anteriores. O fundo também alerta para riscos associados à inflação elevada, demanda fraca na China e na Europa, além das repercussões de conflitos regionais.

Crescimento da China

O UBS,  instituição financeira suíça, revisou suas projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da China em 2024 e 2025, elevando-as para 4,8% e 4,5%, respectivamente. Anteriormente, as estimativas eram de 4,6% para 2024 e 4,0% para 2025.

Por outro lado, o FMI ajustou suas previsões para a China, projetando um crescimento de 5% em 2024, mas alertando para uma possível desaceleração nos anos subsequentes devido a fatores como envelhecimento populacional e crise no setor imobiliário.

Crescimento das potências ocidentais

Para os Estados Unidos, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê um crescimento de 2,1% em 2024 e 1,7% em 2025, atribuindo essa expansão à redução da inflação e ao aumento dos salários.

A União Europeia, por sua vez, enfrenta desafios econômicos, com a Comissão Europeia projetando um crescimento de 1% em 2024 e 1,6% em 2025, indicando uma recuperação gradual da estagnação econômica.

Papel da China na economia global

A China continua com taxas de crescimento superiores às das principais economias ocidentais. Mesmo diante das inúmeras previsões pessimistas de analistas ocidentais, que listam questões estruturais, como o envelhecimento populacional e a crise imobiliária, como fatores negativos que podem impactar o desempenho futuro da economia da potência asiática.

Neste ano, a economia chinesa desempenhou um papel crucial no crescimento econômico global, contribuindo significativamente para a recuperação mundial.

A economia chinesa alcançou um crescimento de 5,2%, representando aproximadamente 32% da expansão econômica global. Essa contribuição supera a soma das contribuições dos Estados Unidos, União Europeia e Japão combinados.

O Banco Mundial, em seu relatório "Perspectivas Econômicas Globais" de junho de 2024, destacou que a economia global deve se estabilizar pela primeira vez em três anos, com a China consolidando seu papel como catalisadora dessa retomada.

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