O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, classificou como “destrutiva” a proposta de paz idealizada de forma conjunta pelo Brasil e pela China em maio. A declaração do ucraniano foi feita nesta quarta-feira (11), durante entrevista exclusiva ao portal Metrópoles, no Palácio Mariyinsky, em Kiev.
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Durante coletiva regular de imprensa do Ministério das Relações Exteriores da China nesta sexta-feira (13), em Pequim, a porta-voz Mao Ning esclareceu que o comentário feito por Zelensky não se aplica à proposta sino-brasileira de paz na Ucrânia.
O presidente ucraniano, pontuou o jornalista da Agência de Notícias Ukrinform, chamou a iniciativa de paz sino-brasileira em seis pontos para a guerra na Ucrânia de “destrutiva”, porque, em primeiro lugar, esse plano não foi discutido com Kiev, e em segundo lugar, é inaceitável pedir um compromisso com o inimigo que ocupou o território soberano da Ucrânia.
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"O que você mencionou não faz parte dos seis entendimentos comuns. Permita-me reiterar que a China e o Brasil apresentaram os seis entendimentos comuns para abordar uma prioridade urgente, que é a desescalada da situação", respondeu Mao.
A porta-voz esclareceu que os entendimentos entre Pequim e Brasília enfatizam que todas as partes relevantes precisam observar três princípios para desescalar a situação, a saber:
- não expandir o campo de batalha,
- não escalar os combates e
- não provocar nenhuma parte.
"Também chama todas as partes a se comprometerem com o diálogo e a negociação, a aumentarem a assistência humanitária, a se oporem ao uso de armas nucleares, a se oporem a ataques a usinas nucleares e a protegerem a estabilidade das cadeias globais de suprimentos e industriais. Esses entendimentos receberam uma resposta positiva de mais de 110 países e atendem à aspiração comum da comunidade internacional", afirmou a porta-voz.
Mao comentou ainda que, sobre a crise na Ucrânia, incluindo os seis entendimentos comuns, a China tem mantido uma comunicação próxima com a Ucrânia.
"A China continuará promovendo conversas pela paz e desempenhando um papel construtivo para a resolução política da crise", finalizou.
Proposta de paz na Ucrânia da China e do Brasil
China e Brasil defendem o diálogo e a negociação como única solução viável para a crise na Ucrânia. Os dois países apoiam uma conferência internacional de paz realizada em momento adequado, que seja reconhecida tanto por Moscou quanto por Kiev, com participação igualitária de todas as partes, bem como discussão justa de todos os planos de paz.
Esse foi o entendimento entre o chanceler Celso Amorim, assessor especial do presidente Lula para assuntos internacionais, e principal diplomata chinês, o ministro das Relações Exteriores Wang Yi, que também integra o Bureau Político do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh).
A proposta foi formulada em maio deste ano, quando Amorim esteve em Pequim e foi no dia 23 daquele mês por Wang. Eles defendem que todas as partes envolvidas no conflito ucraniano devem criar condições para a retomada do diálogo direto e impulsionar a desescalada da situação até a realização de um cessar-fogo abrangente.
1. Pedido para que todas as partes relevantes observem três princípios para desescalar a situação:
- não expandir o campo de batalha,
- não escalar os combates e
- não provocar nenhuma das partes.
2. Defesa do diálogo e negociação como única solução viável para a crise na Ucrânia.
- Todas as partes devem criar condições para a retomada do diálogo direto e impulsionar a desescalada da situação até a realização de um cessar-fogo abrangente.
- China e Brasil apoiam uma conferência internacional de paz realizada em momento adequado, que seja reconhecida tanto pela Rússia quanto pela Ucrânia, com participação igualitária de todas as partes, bem como discussão justa de todos os planos de paz.
3.Necessidade de esforços para aumentar a assistência humanitária às regiões relevantes e prevenir uma crise humanitária em maior escala.
- Ataques contra civis ou instalações civis devem ser evitados, e os civis, incluindo mulheres e crianças
- Prisioneiros de guerra (POWs, da sigla em inglês) devem ser protegidos. As duas partes apoiam a troca de POWs entre as partes em conflito.
4. Condena o uso de armas de destruição em massa, particularmente armas nucleares, químicas e biológicas.
- Todos os esforços possíveis devem ser feitos para prevenir a proliferação nuclear e evitar uma crise nuclear.
5. Condena ataques a usinas nucleares e outras instalações nucleares pacíficas.
- Todas as partes devem cumprir o direito internacional, incluindo a Convenção sobre Segurança Nuclear, e prevenir resolutamente acidentes nucleares provocados pelo homem.
6. Condena a divisão do mundo em grupos políticos ou econômicos isolados.
- As duas partes pedem esforços para melhorar a cooperação internacional em energia, moeda, finanças, comércio, segurança alimentar e segurança de infraestrutura crítica, incluindo oleodutos e gasodutos, cabos ópticos submarinos, instalações de eletricidade e energia e redes de fibra óptica, a fim de proteger a estabilidade das cadeias globais de suprimentos e industriais.
Brasil e China acolhem os membros da comunidade internacional para apoiar e endossar os entendimentos comuns e desempenharem conjuntamente um papel construtivo na desescalada da situação e na promoção de negociações de paz.
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