Os esforços para forjar um consenso internacional em torno de um acordo de paz viável e duradouro para a crise na Ucrânia mostrou progresso ao longo deste fim de semana, dias 5 e 6, com altos funcionários da China, Estados Unidos, Europa e países do Sul Global reunidos em Jeddah, na Arábia Saudita.
Enquanto o Ocidente alardeia sobre as "possíveis mudanças de tom" da China em relação à crise na Ucrânia após o enviado especial chinês Li Hui participar das negociações de paz na Arábia Saudita, especialistas chineses destacam que a posição de Pequim não mudou, mas a participação apenas sinaliza um "momento mais maduro para o diálogo", observando que tal retórica ocidental busca apenas semear discórdia entre a potência asiática e a Rússia
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A reunião de Jeddah foi a segunda do tipo, depois da primeira rodada de negociações em Copenhague em junho, para a qual a China foi convidada, mas não compareceu.
O envolvimento da China desta vez foi visto como uma "considerável evolução", durante a qual a China "participou ativamente e foi positiva sobre a ideia de uma terceira reunião neste nível", conforme citado por uma fonte da União Europeia pelo The Guardian no domingo (6).
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Proposta da China para a paz
Durante as conversações, a China apresentou seu próprio plano de 12 pontos para as negociações de paz, que foi anunciado pela primeira vez em fevereiro. "Temos muitas discordâncias e ouvimos diferentes posições, mas é importante que nossos princípios sejam compartilhados," comentou Li antes da reunião.
A decisão da China de participar das conversações na Arábia Saudita foi considerada como sinalizando "possíveis mudanças na abordagem de Pequim" em relação à crise na Ucrânia.
Cui Heng, um palestrante na base de treinamento para intercâmbios e cooperação judicial internacional da Organização de Cooperação de Xangai-China, refutou essa afirmação como "absurda," observando que a escolha de Pequim de participar da reunião em Jeddah, mas não da reunião em Copenhague, mostrou, pelo contrário, a posição consistente da China sobre a questão.
"A reunião em Copenhague, em junho, foi liderada pelos EUA, que haviam definido a postura de responsabilizar a Rússia antes da reunião. E isso certamente é algo com o qual a China não concorda. Desta vez, na Arábia Saudita, no entanto, as conversações avançaram em um ambiente mais neutro, onde pudemos ouvir vozes de várias partes e compartilhar nossas opiniões", explicou Cui.
Zhang Hong, um pesquisador associado no Instituto de Estudos Russos, do Leste Europeu e da Ásia Central da Academia Chinesa de Ciências Sociais, acrescentou que o momento não estava certo durante as conversações em Copenhague. Especificamente, a tensão entre a China e os EUA, e a falta de viabilidade na proposta de paz da Ucrânia, observou Zhang.
Mudança de tom da Ucrânia
Desta vez, foi observada uma diferença de tom por parte da Ucrânia, indicando que espaço para negociação se abriu, criando uma atmosfera positiva para a comunicação, observou Zhang.
O Wall Street Journal, por exemplo, registrou, com sutileza, que algumas das diferenças que surgiram em Copenhague "pareciam ter diminuído," referindo-se à exigência da Ucrânia de que as forças russas se retirassem completamente de seu território como premissas para as negociações de paz na reunião de Copenhague, uma proposta que muitos países em desenvolvimento se recusaram a aceitar.
Em Jeddah, entretanto, a Ucrânia parecia "mais disposta a buscar um consenso" e se absteve de pressionar novamente para que seu plano de paz fosse aceito, disse o relatório.
Proximidade China e Arábia Saudita
Além disso, a participação da China na reunião de Jeddah se deveu em parte ao relacionamento próximo que possui com a Arábia Saudita. Sua realização do evento tem maior significado, pois é um importante membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e um país não ocidental, além de ser uma importante potência econômica no Oriente Médio e no mundo muçulmano, afirmam especialistas.
Embora nenhuma declaração conjunta tenha sido divulgada após a reunião, ficou acordado que grupos de trabalho seriam estabelecidos para desenvolver detalhes da fórmula de paz da Ucrânia, enquanto um grupo paralelo de embaixadores continuaria o trabalho técnico sobre as questões.
Os grupos de trabalho investigariam soluções relacionadas à segurança alimentar global, segurança nuclear, segurança ambiental, ajuda humanitária, libertação de prisioneiros de guerra e crianças sequestradas.
A questão da segurança alimentar foi especialmente preocupante para os países em desenvolvimento após a saída da Rússia da iniciativa de grãos do Mar Negro em julho, observou Zhang.
Com informações do Global Times e da CGTN
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