A China segue firme no compromisso com possíveis negociações de paz para encerrar a Guerra Rússia-Ucrânia. A declaração foi feita pelo principal diplomata chinês, Wang Yi, ministro das Relações Exteriores chinês, na Conferência de Segurança de Munique (MSC, da sigla em inglês).
"A China permanece comprometida em promover negociações de paz sobre a questão da Ucrânia e não desistirá enquanto houver uma pequena esperança", declarou Wang.
No próximo dia 24 de fevereiro completam dois anos do início do conflito entre Rússia e Ucrânia que causou mortes e resultou em sérios danos para ambas as partes.
Wang, também membro do Bureau Político do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh), fez as declarações no sábado durante uma reunião com o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, à margem da MSC.
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"A China insiste na resolução de questões em áreas sensíveis por meios políticos e continua a promover negociações de paz, evitando acirrar a situação ou tirar proveito da mesma, além de se abster de vender armas letais para áreas ou partes em conflito", disse o chanceler.
O diplomata reiterou a posição da China ao responder a perguntas sobre a crise na Ucrânia após seu discurso durante a sessão "China no Mundo" na MSC no sábado (17).
Encontro com chanceler da Ucrânia
Wang se encontrou com o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, no sábado, à margem da MSC.
"A China continuará desempenhando um papel construtivo na resolução do conflito Rússia-Ucrânia e no restabelecimento da paz o mais rápido possível. Mesmo que haja apenas uma pequena esperança de paz, o principal diplomata chinês enfatizou que a China não desistirá de seus esforços", afirmou o chanceler chinês ao homólogo ucraniano.
Durante a conversa com Kuleba, Wang explicou a posição da China sobre a crise na Ucrânia, destacando que o país defende a resolução política de questões delicadas, persiste na promoção de negociações de paz.
O diplomata chinês acrescentou que a China não alimenta a chama do conflito, não tira proveito da situação e não vende armas letais para as áreas em conflito ou partes envolvidas.
Observando que China e Ucrânia são parceiros estratégicos há muitos anos e que as pessoas dos dois países têm uma amizade tradicional, Wang expressou a esperança de que as relações China-Ucrânia se desenvolvam normalmente e continuem beneficiando os dois povos, independentemente de como o cenário internacional mude.
Já Kuleba afirmou que a Ucrânia está pronta para manter contato amigável com a China e promover o desenvolvimento adicional dos laços bilaterais.
Ele expressou a esperança de que a China possa continuar desempenhando um papel único e construtivo na promoção da paz, e disse que a Ucrânia está pronta para fortalecer os laços com o Representante Especial do Governo Chinês para Assuntos Eurasiáticos.
Negociações pela paz
Ao ser questionado sobre a visão da China sobre o Memorando de Budapeste (leia abaixo nesta matéria) e a posição do país no conflito Rússia-Ucrânia, Wang afirmou que a China não é signatária do acordo internacional, mas o reconheceu por meio de uma declaração governamental.
O diplomata ressaltou que a China não foi responsável pela crise na Ucrânia, tampouco é parte do conflito, no entanto, não ficou inerte nem tirou proveito da situação.
"O presidente chinês Xi Jinping afirmou que a soberania e integridade territorial de todos os países devem ser respeitadas, os propósitos e princípios da Carta da ONU devem ser observados, as preocupações legítimas de segurança de todos os países devem ser levadas a sério, e todos os esforços favoráveis a uma solução pacífica da crise devem ser apoiados. Essa é a posição oficial e o princípio fundamental da China sobre a questão da Ucrânia," enfatizou Wang.
A China permanece comprometida em promover negociações de paz e desempenhou um papel positivo nos esforços para restaurar a paz. Quanto mais cedo as negociações de paz forem retomadas, menor será o dano para todas as partes, prosseguiu Wang.
Memorando de Budapeste e Acordos de Minsk
O Memorando de Budapeste e os Acordos de Minsk estão relacionados no contexto da segurança e integridade territorial da Ucrânia, especialmente no que diz respeito ao conflito em curso no leste do país.
Ambos os documentos têm influência nas discussões sobre as obrigações internacionais e o processo de negociação para alcançar uma resolução pacífica no conflito entre a Ucrânia e as regiões separatistas apoiadas pela Rússia.
Garantias de segurança - Memorando de Budapeste:
O Memorando de Budapeste, assinado em 1994, forneceu garantias de segurança à Ucrânia em troca de seu compromisso de renunciar às armas nucleares herdadas da União Soviética.
Este acordo destaca o compromisso das partes signatárias (EUA, Reino Unido e Rússia) de respeitar a independência, soberania e integridade territorial da Ucrânia, além de abster-se do uso da força contra ela.
Embora não tenha sido especificamente projetado para resolver conflitos internos, o Memorando estabelece princípios fundamentais que reforçam a integridade territorial da Ucrânia e o compromisso com a resolução pacífica de disputas.
Resolução do Conflito - Acordos de Minsk:
Os Acordos de Minsk I (2014) e Minsk II (2015) foram assinados em uma tentativa de encontrar uma solução pacífica para o conflito no leste da Ucrânia, particularmente nas regiões de Donetsk e Lugansk.
Esses acordos envolvem a Ucrânia, a Rússia e os separatistas pró-russos. Eles estabelecem medidas para um cessar-fogo, a retirada de armas pesadas, a troca de prisioneiros e a realização de eleições locais.
A implementação desses acordos é vista como um caminho para restabelecer a paz e a estabilidade nas regiões afetadas.
Ambos os documentos visam garantir a integridade territorial e a segurança da Ucrânia, embora em contextos diferentes.
O Memorando de Budapeste fornece garantias de segurança gerais, enquanto os Acordos de Minsk focam especificamente na resolução do conflito no leste da Ucrânia.
Juntos, eles destacam a importância da comunidade internacional em preservar a soberania e a integridade territorial da Ucrânia e buscar soluções pacíficas para conflitos internos.