A 16ª Cúpula do BRICS, realizada entre os dias 22 e 24 de outubro em Kazan, na Rússia, marcou um novo passo no desenvolvimento do mecanismo de cooperação do grupo.
O grupo BRICS foi fundado em 2006 por Brasil, Rússia, Índia e China, com a África do Sul ingressando em 2011. Em 1º de janeiro de 2024, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos se tornaram membros plenos.
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Apesar de existir uma lista com mais de 30 países que pedem adesão ao BRICS, os líderes do grupo decidiram não admitir novos membros neste momento, mas conceder o status de "Estados parceiros" a determinados países.
Na quinta-feira (24) foi anunciada a lista de 13 países convidados a fazer parte do BRICS como "Estados parceiros": Turquia, Indonésia, Argélia, Bielorússia, Cuba, Bolívia, Malásia, Uzbequistão, Cazaquistão, Tailândia, Vietnã, Nigéria e Uganda.
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A futura expansão do BRICS seguirá os critérios definidos pelos países membros de "status de parceiros". Será necessário um consenso entre todos os membros para que qualquer país seja admitido no grupo.
Inicialmente um acrônimo para grandes mercados emergentes com considerável potencial econômico, o BRICS evoluiu para um influente mecanismo de cooperação internacional com uma adesão expandida.
Com seus vastos mercados, recursos abundantes e colaborações inovadoras, o grupo continua atraente para muitos ao redor do mundo, especialmente para os países em desenvolvimento.
Força para o desenvolvimento inclusivo
"Quanto mais turbulentos forem os nossos tempos, mais devemos nos manter firmes na linha de frente, exibindo tenacidade, demonstrando audácia para inovar e mostrando sabedoria para nos adaptar", disse o presidente chinês Xi Jinping ao discursar na 16ª Cúpula dos BRICS.
Desde o fim da Guerra Fria, as economias emergentes ampliaram sua influência global ao abraçar a globalização, com o Sul Global agora representando mais de 40% da economia mundial. No entanto, as crescentes incertezas econômicas e mudanças geopolíticas impõem novos desafios aos países em desenvolvimento, destacando a necessidade de cooperação para apoiar o desenvolvimento.
Os BRICS desempenham um papel vital na promoção da cooperação entre nações em desenvolvimento e mercados emergentes. A cooperação prática sempre foi a base do mecanismo dos BRICS. Como Xi já destacou, "os BRICS não são um fórum de debates, mas uma força-tarefa que realiza ações concretas."
Um exemplo disso é o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB). Presidido pela ex-presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, com sede em Xangai, o NDB foi fundado em 2014 por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul para mobilizar recursos destinados a projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em países membros dos BRICS e outras economias emergentes e países em desenvolvimento. Até o final de 2023, o NDB já havia aprovado empréstimos cumulativos de 35 bilhões de dólares para cerca de 100 projetos.
Em uma declaração emitida na cúpula deste ano, os líderes dos BRICS concordaram em desenvolver o NDB como um novo tipo de banco multilateral de desenvolvimento para o século 21, apoiando sua expansão de membros e acelerando a revisão de pedidos de adesão de países dos BRICS de acordo com sua estratégia geral e políticas relacionadas.
Com estruturas industriais complementares e abundância de recursos, os BRICS oferecem uma plataforma importante para que os países membros busquem crescimento econômico inovador, aprimorem a coordenação de políticas macroeconômicas e alinhem suas estratégias de desenvolvimento.
Para promover a abertura e a inovação na cooperação dos BRICS, foi estabelecido um centro de inovação da Parceria BRICS sobre a Nova Revolução Industrial em Xiamen, na província de Fujian, na China. Desde 2023, o centro já realizou mais de 10 cursos de treinamento presenciais, atraindo mais de 100 participantes de mais de 70 países.
Voz por uma ordem global justa
O BRICS se tornou um importante defensor dos países em desenvolvimento no cenário global ao oferecer uma plataforma para que as nações do Sul Global encontrem alternativas às estruturas econômicas lideradas pelo Ocidente e promovam uma governança global mais justa.
Durante as reuniões de quarta-feira (24), os líderes presentes à cúpula em Kazan trocaram opiniões sobre a cooperação do BRICS e questões internacionais cruciais de interesse comum, sob o tema "Fortalecendo o Multilateralismo para um Desenvolvimento e Segurança Globais Justos", colaborando na construção de uma visão de futuro unificado.
Como Xi Jinping disse durante a cúpula: "Devemos trabalhar juntos para transformar o BRICS em um canal principal de fortalecimento da solidariedade e cooperação entre as nações do Sul Global e uma vanguarda para o avanço da reforma da governança global."
Desde sua criação, o BRICS estabeleceram um marco para a cooperação Sul-Sul e a autossuficiência coletiva entre mercados emergentes e países em desenvolvimento, defendendo ao mesmo tempo uma governança global justa. A ampliação de seus membros e o crescente impacto econômico fortaleceram o papel do bloco nos assuntos globais.
Comprometidos com o multilateralismo, os BRICS ampliam as vozes das nações em desenvolvimento e promovem a busca por uma ordem mundial mais equitativa.
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