Em um novo capítulo na disputa tecnológica entre os EUA e a China, a secretária de Comércio dos Estados Unidos, Gina Raimondo, anunciou que seu departamento tem explorado como forçar as empresas de nuvem a divulgar quando um estrangeiro utiliza seu poder computacional para alimentar aplicações de inteligência artificial (IA).
“Estamos iniciando o processo de exigir que as empresas de nuvem dos EUA nos avisem sempre que uma entidade fora dos EUA usar sua nuvem para treinar um grande modelo de linguagem (LLM)”, disse Raimondo em um evento na sexta-feira (26), sem citar nenhum país ou empresa.
Te podría interesar
LLMs são o software por trás de ferramentas de IA como ChatGPT. O presidente dos EUA, Joe Biden, instruiu em outubro a agência a exigir tais divulgações, num esforço para detectar atores estrangeiros que possam usar a IA para lançar “atividades cibernéticas maliciosas”, de acordo com a diretiva de Biden.
Regulação das nuvens
O Departamento do Comércio também tem procurado formas de regular a nuvem através de controles de exportação, dando seguimento às restrições abrangentes que limitam o acesso da China aos semicondutores mais poderosos.
Te podría interesar
A preocupação em Washington é que as empresas chinesas possam acessar ao mesmo poder computacional desses chips através de fornecedores de nuvens como a Amazon Web Services, o Azure da Microsoft Corp e o Google Cloud da Alphabet.
“Queremos ter certeza de que fecharemos todas as vias que os chineses possam ter para ter acesso aos nossos modelos ou para treinar os seus próprios modelos”, disse Raimondo numa entrevista no mês passado.
O desenvolvimento da IA e de outras tecnologias de próxima geração pela China é uma das principais preocupações da administração Biden, que vê Pequim como o seu principal concorrente estratégico global.
Mais um passo para conter a China
Washington tentou conter os avanços da China restringindo as exportações de chips para o país e sancionando empresas chinesas individuais, mas os gigantes tecnológicos do país conseguiram fazer avanços significativos, apesar das restrições dos EUA.
Uma atualização importante visou empresas sediadas na China que operam em mais de 40 países, numa tentativa de impedir que essas empresas utilizem outras nações como intermediários para proteger semicondutores aos quais não podem aceder no seu país.
Mas o que as regras não abordam é a capacidade das empresas chinesas de explorar as capacidades desses chips através da nuvem. Não está claro exatamente como os EUA regulariam esse tipo de atividade.
Os serviços em nuvem não envolvem a transferência de bens físicos, e o Departamento de Comércio afirmou especificamente que estão fora do domínio dos controlos de exportação.
Thea Kendler, secretária adjunta para administração de exportações, disse aos legisladores no mês passado que “podemos precisar de autoridade adicional nesse espaço”.
Os provedores de nuvem dos EUA temem que as restrições às suas atividades com usuários estrangeiros, sem medidas comparáveis por parte dos países aliados, possam prejudicar as empresas estadunidenses.
O Departamento de Comércio pesquisará separadamente as empresas que estão desenvolvendo LLMs sobre os resultados de seus testes de segurança, disse Raimondo na sexta-feira, embora não tenha fornecido detalhes sobre o que irão solicitar.
Os potenciais novos requisitos surgem no momento em que a Comissão Federal de Comércio abre um inquérito antitruste separado sobre parcerias de IA.