CHINA EM FOCO

Guerra dos Chips: China persiste no desenvolvimento de IA apesar de restrições dos EUA

Avaliação de especialistas de banco de investimento suíço UBS mostra resiliência da indústria de alta tecnologia da potência asiática

Créditos: Shutterstock - Uma série de sanções impostas pelos EUA desde 2019 forçou as empresas de toda a vasta cadeia de fornecimento de tecnologia da China a trabalhar em estreita colaboração no apoio a projetos nacionais de inteligência artificial.
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A China pretende progredir este ano no desenvolvimento de grandes modelos de linguagem (LLMs) – tecnologia usada para treinar ChatGPT e aplicações similares – e em sistemas de inteligência artificial (IA) generativos, apesar das restrições dos EUA ao acesso a semicondutores avançados, segundo analistas do banco de investimento suíço UBS.

Espera-se que a China "opere dentro destas limitações e busque avanços" por meio de programas nacionais de aceleração de IA e um uso mais econômico de recursos computacionais, disse Nicolas Gaudois, chefe de pesquisa de tecnologia da Ásia-Pacífico no UBS, durante um webinar promovido pelo banco na terça-feira (9).

Gaudois mencionou que os controles de exportação dos EUA impediram a China de acessar chips da Nvidia usados em projetos de IA, mas destacou que a capacidade do país de superar tais desafios não deve ser subestimada.

Resiliência da indústria de alta tecnologia da China

As análises dos especialistas da UBS refletem a resiliência da indústria de semicondutores da China diante das crescentes sanções tecnológicas de Washington no último ano, que limitaram as exportações de equipamentos avançados para fabricação de chips e semicondutores de ponta para projetos de IA.

O setor tecnológico chinês pareceu superar os obstáculos dos controles de exportação dos EUA no último ano, exemplificado pelo retorno surpreendente da Huawei Technologies ao mercado de smartphones 5G com novos dispositivos equipados com um processador avançado produzido na China. Isso mostrou até que ponto a empresa, incluída na lista negativa dos EUA, avançou no desenvolvimento de suas operações após anos enfrentando sanções comerciais.

Além disso, os analistas da UBS afirmaram que o setor de semicondutores da China teve um bom desempenho em certos segmentos não sancionados, demonstrando um forte crescimento de mercado nos últimos anos.

Randy Abrams, chefe de pesquisa de Taiwan no UBS, afirmou no mesmo webinar que as vendas de chips de nós maduros não foram restritas.

"Restrições dos EUA são limitadas em nós maduros. Estamos observando a China intensificar investimentos nessas áreas. Haverá uma recuperação estável do mercado em aplicações maduras, como sensores de imagem de câmeras, microcontroladores, chips analógicos e dispositivos semicondutores discretos para veículos elétricos. Na área de equipamentos semicondutores, os fornecedores locais elevaram sua participação de mercado de um dígito muito baixo para um médio a alto. Esse crescimento se deve ao fornecimento para fabricantes de semicondutores chineses, que expandiram sua capacidade em nós maduros."

Abrams mencionou ainda que os fornecedores nacionais de equipamentos para fabricação de chips viram sua fatia de mercado crescer para cerca de 20% devido à demanda de instalações chinesas de fabricação de chips. "Portanto, excluindo os nós muito avançados, há muitas oportunidades [de investimento]", acrescentou.

Segundo ele, a demanda global por chips deve começar a crescer assim que as pressões sobre os estoques diminuírem e as compras em fundições de semicondutores aumentarem.

As sanções impostas pelos EUA desde 2019 também obrigaram as empresas da ampla cadeia de fornecimento de tecnologia da China a colaborarem mais estreitamente.

A Baidu, gigante da busca na internet, que opera o Ernie Bot e o Ernie LLM, encomendou US$ 61 milhões em chips Ascend AI 910B da Huawei – desenvolvidos como alternativa ao processador A100 da Nvidia – para 200 servidores, segundo uma matéria de novembro de 2023 da Reuters.