A província de Guangdong, mais conhecida como Cantão no Brasil, localizada no sul da China, estabeleceu um novo fundo para a indústria de chips no valor de 11 bilhões de yuans (cerca de 7,5 bilhões de reais) e sinaliza que o país asiático continuará a investir em sua independência na fabricação de semicondutores diante das crescentes restrições de exportação dos EUA.
Este fundo, que faz parte da Fase II do Fundo de Investimento em Participação na Indústria de Semicondutores e Circuitos Integrados de Guangdong, foi iniciado pelo fundo próprio do governo provincial e dois fundos do governo municipal, conforme informações da Tianyancha, um provedor de dados corporativos chinês.
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Guangdong é uma das várias administrações locais que estão tentando alinhar o desenvolvimento da indústria regional com as prioridades de Pequim.
Por exemplo, o governo municipal de Xangai criou um fundo de investimento na indústria de semicondutores em 2016, com um capital existente de 28,5 bilhões de yuans.
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Pequim assim como Washington
Os EUA também adotam estratégia semelhante à de Pequim e utiliza fundos estatais para apoiar projetos estratégicos com o Ato de Chips e Ciência de 2022, que promete subsídios para projetos de chips.
O primeiro subsídio do setor de semicondutores concederá 35 milhões de dólares (mais de 75 milhões de reais) à subsidiária estadunidense da empresa aeroespacial britânica BAE Systems, conforme informado pelo Departamento de Comércio dos EUA na semana passada.
Fundo de Guangdong
Guangdong criou a Fase I do fundo em dezembro de 2020, com 10 bilhões de yuans (cerca de 6 bilhões de reais) já alocados para projetos de chips na província. A Fase II do fundo é principalmente financiada pela Guangdong Yuecai Holdings, que detém mais de 90% do fundo.
O fundo de Guangdong é uma versão local do Fundo de Investimento da Indústria de Circuitos Integrados da China, também conhecido como o Grande Fundo, que apesar de escândalos de corrupção, continua a prover liquidez para projetos de chips selecionados.
O Grande Fundo foi estabelecido em 2014 com investimentos iniciais de mais de 138 bilhões de yuans (cerca de 94 bilhões de reais), e sua segunda fase foi criada em 2019, com mais de 200 bilhões de yuans (cerca de 137 bilhões de reais).
Toda a China
A abordagem de "toda a nação" da China para o desenvolvimento de semicondutores domésticos mobiliza recursos tanto do setor estatal quanto do privado, enquanto o país busca se proteger das intensificadas sanções comerciais dos EUA.
Em outubro, o Bureau de Indústria e Segurança dos EUA emitiu uma nova rodada de regras de controle de exportação para chips, na qual escalou as restrições existentes para impedir o desenvolvimento de semicondutores e inteligência artificial da China por motivos de segurança nacional.
Especialistas do setor indicam que o esforço pode levar anos para dar frutos, mas a Huawei Technologies, afetada pelas sanções dos EUA, lançou um novo smartphone 5G – o Mate 60 Pro – com um chip avançado desenvolvido localmente. As empresas estatais chinesas também têm fornecido financiamento para projetos de chips.
A China Reform Holdings, um braço do governo que investe em e negocia participações acionárias de pequenas empresas estatais, anunciou em setembro que criará um fundo para direcionar pelo menos 100 bilhões de yuans (cerca de 68 bilhões de reais) para indústrias emergentes estrategicamente importantes no país, incluindo semicondutores. Esta informação foi reportada na época pelo China Business News.