Um laptop recém-lançado pela Huawei Technologies alimentou rumores de que a gigante da tecnologia chinês desafiou novamente as sanções dos EUA, desta vez para produzir chips de 5nm.
O laptop — chamado de Qingyun L540 — é alimentado pelo chip Kirin 9006C, que utiliza tecnologia de processo de 5nm, mostram os folhetos da empresa e a lista do laptop na web.
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Esse suposto avanço, inicialmente reportado pela Kuai Technology da China, surge após o sucesso da Huawei na produção em massa de chips domésticos de 7nm, em colaboração com a Semiconductor Manufacturing International Corporation (SMIC), apoiada por Pequim.
.O chip de 7nm, que alimentou a série de smartphones Mate 60 da Huawei, foi saudado como uma vitória sobre as sanções impostas por Washington em 2019. Essas sanções levaram o que já foi a maior fabricante de smartphones do mundo à beira da extinção.
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A presença de um chip de 7nm no Huawei Mate 60 Pro, confirmada pela empresa de pesquisa TechInsights, impulsionou uma impressionante retomada na Huawei, com a empresa não apenas ultrapassando a Apple na China, mas também tirando o maior mercado de smartphones do mundo de 10 trimestres consecutivos de queda nas vendas.
Um avanço no chip de 5nm marcaria uma nova conquista para a Huawei, dado que a empresa permanece cortada da maioria das companhias que fornecem a tecnologia avançada necessária para produzir esses chips, devido às sanções dos EUA.
O portal de notícias de tecnologia Tomshardware relatou que a Huawei provavelmente desenvolveu o chip de 5nm em colaboração com a SMIC.
Dúvidas sobre eficiência de produção
A Huawei ainda não comentou sobre o chip Kirin 9006C de 5nm. A probabilidade de um reconhecimento por parte da empresa de tecnologia chinesa é baixa, considerando que ela ainda não se pronunciou sobre seu avanço anterior no chip de 7nm. A decisão de não comentar o desenvolvimento provavelmente decorre de uma cautela em atrair mais ira dos EUA, mas atraiu críticas na China.
Mas se os relatos sobre o avanço do chip de 5nm forem verdadeiros, a SMIC é a candidata mais provável por trás do seu desenvolvimento com a Huawei. Em 2021, a fabricante de semicondutores apoiada pelo estado anunciou planos de gastar mais de 9 bilhões de dólares para construir a fábrica de wafers mais avançada da China.
A SMIC planejou abrigar processos avançados como N+1 e N+2 na fábrica — tecnologias necessárias para a produção de chips avançados.
Em um relatório desta semana, a empresa de pesquisa de mercado TrendForce também observou que a capacidade do processo N+2 na SMIC está quase inteiramente alocada para os produtos de smartphones da Huawei.
No entanto, permanecem dúvidas sobre a capacidade da SMIC de produzir em massa chips de 5nm. A fabricante de chips precisará usar seus sistemas existentes de litografia ultravioleta profunda (DUV) para produzir o chip — um processo que, segundo especialistas do setor, é demorado, caro e tem um rendimento menor.
Os sistemas de litografia ultravioleta extrema (EUV), que são mais usados para produzir chipsets avançados como de 7nm e 5nm, permanecem inacessíveis à SMIC, já que a ASML — a maior fabricante mundial dessas máquinas — é proibida de vendê-las na China.
Mesmo após o avanço no chip de 7nm da SMIC, especialistas apontaram que a SMIC provavelmente usou uma "tecnologia cara" para contornar as sanções dos EUA. A técnica, conhecida como multi-patterning, provavelmente afetou os rendimentos e custos da SMIC, disseram eles.
Especialistas também observaram que a SMIC permanece anos atrás da TSMC, a principal fabricante de chips do mundo, em termos de capacidades.
Estoque de chips
Apesar dessas preocupações, a Huawei conseguiu vender 1,6 milhão de telefones Mate 60 em apenas seis semanas, mostraram dados em outubro. A fabricante de smartphones também planeja enviar entre 60 e 70 milhões de telefones Mate 60 em 2024, segundo a Nikkei Asia.
Embora isso sugira o sucesso da Huawei e da SMIC na produção em massa do chip de 7nm — uma façanha que eles poderiam repetir com chips de 5nm — é provável que ambas as empresas sejam beneficiárias de grandes quantidades de fundos estatais que as ajudaram a alcançar esse sucesso.
De acordo com um relatório do Financial Times no mês passado, a Huawei recebeu perto de 950 milhões de dólares em fundos estatais em 2022. Da mesma forma, a SMIC se beneficiou da mesma quantidade de subsídios estatais nos últimos três anos e apoio adicional do Big Fund da China, focado em semicondutores.
Outro fator no sucesso da Huawei e da SMIC pode ter sido um grande estoque de chips que as empresas chinesas acumularam antes que os controles de exportação dos EUA entrassem em vigor em outubro de 2022.
Assim como após o avanço dos chips de 7nm, agora há especulações de que o chip Kirin 9006C de 5nm pode ter se originado de um estoque anterior. O Digitimes, vinculado à TSMC, também disse que o chip pode ter sido inventário produzido pela fabricante de chips taiwanesa.
A TSMC produziu os chipsets Kirin 9000 para a Hisilicon, de propriedade da Huawei, até setembro de 2020.
O jornal diário dos EUA Politico também informou na quarta-feira (13) que os chips usados no Qingyun L540 foram estocados antes que os controles de exportação dos EUA entrassem em vigor. O site citou um funcionário do think tank Center for Strategic and International Studies com fontes na cadeia de suprimentos da Huawei.
"Os chineses tendem a contar histórias", disse James Lewis, vice-presidente sênior e diretor do programa de tecnologias estratégicas do CSIS ao Politico.
"O fato de eles poderem fazer um não significa que eles possam fazê-los em escala."
Com informações do Asia Financial