A Cúpula de dois dias do Grupo dos 77 (G77) e da China foi encerrada nesta sábado (16) com um apelo por maior participação e voz do Sul Global no sistema de governança global.
O evento contou com a presença de delegações de mais de 100 países, incluindo mais de 30 chefes de Estado e governo.
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Fundado em 1964, o G77 agora conta com mais de 130 membros, com a presidência rotativa entre os países membros da Ásia, África e América Latina, com base em princípios regionais.
Sendo a maior organização de coordenação multilateral entre países em desenvolvimento, os estados membros do G77 representam mais de 80% da população mundial e mais de dois terços dos países membros das Nações Unidas.
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A China não é membro, mas tem apoiado e cooperado com o grupo no âmbito de "G77 e China".
Amplificar vozes para o Sul Global
Durante a cúpula foram enfatizados os desafios enfrentados pelos países em desenvolvimento e a necessidade de uma ordem internacional mais equilibrada, com maior atenção às nações do Sul Global.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, em discurso proferido na cerimônia de abertura do evento, afirmou que a voz do Grupo dos 77 e da China será sempre essencial para o sistema das Nações Unidas.
Guterres classificou o grupo como "um defensor do multilateralismo" e fez um pedidos os integrantes e à China.
Defendam um sistema enraizado na igualdade; defendam um sistema pronto para reverter a injustiça e o abandono de séculos; e defendam um sistema que beneficie toda a humanidade e não apenas os privilegiados.
Agenda para governança global
O especialista cubano Ramon Pichs comentou que a Cúpula de Havana do G77 e China desempenhou um papel importante no avanço da agenda global, incluindo o combate à ameaça das mudanças climáticas.
Para os países em desenvolvimento, para o G77 e China e para Cuba, o momento de agir em relação às mudanças climáticas é agora. Este é um grande desafio para o desenvolvimento de todas as nações.
Na declaração final da reunião, os delegados instaram as instituições internacionais a fazerem esforços adicionais para apoiar as nações do Sul Global em áreas como ciência, tecnologia e inovação.
A cúpula ajudará a impulsionar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, observou Francisco Pichon, coordenador residente da ONU em Havana.
Pichon elencou ainda resposta aos apelos por mais representatividade e uma voz mais forte do Sul Global no sistema de governança internacional.
Uma reforma no sistema financeiro internacional, as mudanças climáticas e seu financiamento, bem como a agenda do multilateralismo, são prioridades fundamentais para as Nações Unidas.
"A unidade e o ativismo do G77 e China nos fóruns e debates internacionais são fundamentais para avançar nas legítimas aspirações de nossos povos", encerrou o especialista cubano.
Contribuição da China
Desde a década de 1990, com maior envolvimento da China no âmbito do "G77 e China", a organização tem desempenhado um papel mais relevante no cenário internacional.
Durante seu discurso de boas-vindas na cúpula, o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, destacou os esforços da China em promover a cooperação internacional.
A Iniciativa de Desenvolvimento Global promovida pelo presidente chinês Xi Jinping é uma proposta inclusiva e coerente, em consonância com uma nova ordem internacional justa e equitativa.
O presidente da União das Comores e da União Africana, Azali Assoumani, citou a Iniciativa Cinturão e Rota proposta pela China como exemplo e afirmou na cúpula que a China visa criar um cenário equilibrado e inclusivo com base na cooperação com todos.
Ecoando as palavras desses líderes, o presidente venezuelano Nicolás Maduro lembrou que, durante a pandemia de Covid-19, a China ajudou a Venezuela a adquirir medicamentos e vacinas contra a coronavíruspara enfrentar a emergência.
Fiquei impressionado com as conquistas científicas, sociais e tecnológicas alcançadas pela China, que pode ajudar as nações do G77 a aumentar o acesso à tecnologia moderna.
"A China desenvolveu diferentes iniciativas relacionadas, de uma forma ou de outra, com os objetivos do grupo", afirmou José Ramón Cabanas, diretor do Centro de Pesquisa de Políticas Internacionais de Cuba. Ele acrescentou que o impressionante desempenho da economia chinesa impulsiona as relações econômicas e sociais entre a China e o G77.
A China se aproxima dos países asiáticos, africanos e latino-americanos "não para impor sanções, mas para contribuir para o progresso e o bem-estar de todos", disse o presidente nicaraguense Daniel Ortega, chamando a China de parceira "com a vontade de ajudar e expressar sua solidariedade".
Diferentemente de outras potências globais, a relação entre a China e o G77 é baseada no respeito à autodeterminação, solidariedade e cooperação, afirmou Eduardo Regalado, pesquisador sênior do Centro de Pesquisa de Políticas Internacionais de Cuba.
A China tem sido muito ativa na promoção de uma ordem econômica e política mais justa, de acordo com os interesses dos países em desenvolvimento. Ela manteve uma política sistemática e consistente de apoio ao bloco multilateral.
Com informações da Xinhua