RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Sul Global: doze livros para você entender o termo usado por Dilma Rousseff nos Brics

Ao tomar posse como nova diretora do Novo Banco de Desenvolvimento, a ex-presidenta do Brasil fez referência ao termo e gerou discussão nas redes

Sul Global: doze livros para você entender o termo usado por Dilma Rousseff nos Brics.Créditos: Ricardo Stuckert
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Nesta quinta-feira (14) a ex-presidenta Dilma Rousseff tomou posse, em Xangai, como nova diretora do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), que também é popularmente chamado de “banco dos Brics”. 

Com isso, Dilma Rousseff se tornou a primeira mulher a comandar o NBD e também a primeira ex-presidenta de uma das nações que compõem os Brics a chefiar a instituição financeira. 

Porém, ao invés de celebrar o cargo assumido por Dilma Rousseff e, a partir daí aprofundar e explicar como funciona tal instituição, parte da imprensa tradicional optou por uma cobertura misógina e, em alguns casos, de total escárnio com o discurso de Rousseff. 

Um dos momentos que mais gerou controvérsia em alguns setores brasileiros foi quando Dilma Rousseff fez referência ao conceito de Sul Global. 

Em seu discurso, Dilma Rousseff afirmou que a criação do NBD "foi uma demonstração da importância de estabelecer uma estratégia e uma parceria, compartilhando as necessidades desses países do Sul, do Sul Global, ou seja, o Sul que é esse Sul que quer emergir e que conta com países do Norte", declarou Rousseff. 

Parte da imprensa e perfis das redes sociais correram para transformar o trecho acima citado em meme e afirmar que Dilma Rousseff havia cometido uma gafe geográfica, pois, China, Índia e Rússia estão localizadas no Hemisfério Norte. 

Mas, ao tentar achincalhar com o discurso de Dilma Rousseff, parte da imprensa só revelou a sua profunda ignorância quanto aos novos conceitos das Ciências Sociais. 

O Sul Global citado por Dilma Rousseff não diz respeito à localização geográfica, mas sim aos países do chamado "Terceiro Mundo" ou "periféricos". O conceito é muito utilizado por parte das Relações Internacionais e da Ciência Política contemporâneas.

Em termos gerais, o Sul Global visa amalgamar países dos continentes africano e asiático, e nações da América Latina que, reunidas, buscam romper com a ideia de que o Norte (composto pela Europa e América do Norte) são o centro do mundo. 


Visto que o conceito de Sul Global gerou – e ainda está gerando – muito debate nas redes e na imprensa, selecionamos doze livros que versam sobre a nova geopolítica do mundo e os caminhos à ruptura com a hegemonia política, financeira e cultural do Norte Global.  

 

Confira a lista abaixo: 

 

1 - Por uma revolução africana, Frantz Fanon (Zahar, 2022) 

 

2 - O BRICS nas relações internacionais contemporâneas, Augusto Leal Rinaldi (Appris, 2021)

 

3 - Epistemologias do Sul, (org) Paula Meneses e Boaventura Santos, (Almedina, 2010) 

 

4 - Uma ecologia decolonial: pensar a partir do mundo caribenho, Malcom Ferdnand, (Ubu, 2022) 

 

5 - Ensaios sobre a Colonialidade do Poder, Anibal Quijano, (Ediciones del Signo, 1999)

 

6 - Raça, Nação e Classe: As identidade ambíguas, Étienne Balibar e Immanuel Wallerstein,  (Boitempo, 2021)

 

7 - A África na Política Internacional - O sistema interafricano e sua inserção mundial, Paulo Fagundes Visentini, (Juruá, 2012). 

 

8 - Políticas da Inimizade, Achille Mbembe, (N-1, 2020)

 

9 - A Razão Africana, Muryatan Barbosa, (Todavia, 2020) 

 

10 - Adam Smith em Pequim: origens e fundamentos do século XXI, Giovanni Arrighi, (Boitempo, 2008)

 

11 - China - O socialismo do século XXI, Elias Jabour e Alberto Gabriele, (Boitempo, 2021)

 

12 – Os Condenados da Terra, Frantz Fanon, (Zahar, 2022)