CHINA EM FOCO

China rebate acusações da Otan: "mentalidade de Guerra Fria"

Governo chinês rejeita alegações de comunicado divulgado pela Aliança em que o país asiático é acusado de representar 'desafios sistêmicos' ao bloco militar

Créditos: Fotomontagem - Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan (Otan) e Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China (MRECh)
Escrito en GLOBAL el

A cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) chegou ao fim aqui na capital da Lituânia,Vilnius, nesta terça-feira (11), em meio a divisões entre os membros e oposição da comunidade internacional. No comunicado divulgado pelo bloco, a China foi citada 15 vezes. O documento acusa a potência asiática de ser uma ameaça à Aliança, o que Pequim nega.

"As ambições declaradas e políticas coercivas da República Popular da China (RPC) desafiam nossos interesses, segurança e valores. Mantemos abertura para um engajamento construtivo com a RPC, inclusive para estabelecer transparência recíproca, visando salvaguardar os interesses de segurança da Aliança. Continuamos enfrentando ameaças cibernéticas, espaciais, híbridas e outras ameaças assimétricas, bem como o uso malicioso de tecnologias emergentes e disruptivas", afirma o documento.

Em resposta, nesta quarta-feira (12) a China rejeitou as alegações da Aliança militar. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Wang Wenbin, durante entrevista coletiva em Pequim, comentou que a realidade é o oposto do que afirma a Otan.

"O que é dito no comunicado da Otan é completamente oposto à verdade e é produto da mentalidade da Guerra Fria e de preconceitos ideológicos. A China se opõe fortemente a isso. Pedimos à Otan que pare de fazer acusações infundadas e adotar retórica provocativa contra a China, que abandone a mentalidade ultrapassada da Guerra Fria e deixe de lado a conduta errada de buscar segurança absoluta. Já vimos o que a Otan fez com a Europa, e a Otan não deve buscar semear o caos aqui na Ásia-Pacífico ou em qualquer outra parte do mundo", reagiu Wang.

Pequim e Moscou

O comunicado da Otan afirma ainda que o aprofundamento das relações estratégicas entre a China e a Rússia e seus esforços conjuntos para "desestabilizar" a ordem internacional baseada em regras são contrários aos interesses e valores da Aliança. Em resposta Wang comentou que o modelo das relações entre China e Rússia é diferente da que a Otan pratica.

"As relações entre China e Rússia são baseadas nos princípios de não alinhamento, não confrontação e não direcionamento a terceiros. As relações entre os dois países vão além do modelo de aliança militar e político-militar da era da Guerra Fria e estabelecem um paradigma para as relações entre grandes potências. Isso é fundamentalmente diferente da formação de 'círculos estreitos' e confrontação entre os países da Otan. Instamos a Otan a parar de fazer acusações infundadas e discursos provocativos contra a China, abandonar as ideias ultrapassadas da Guerra Fria e abandonar práticas errôneas de busca de segurança absoluta. Não devem perturbar a Europa nem tentar semear a discórdia na região Ásia-Pacífico e no resto do mundo", rebateu Wang.

Divisões e oposição

Durante a cúpula, a Otan adotou seus "planos de defesa mais abrangentes desde o fim da Guerra Fria" e endossou um novo plano de ação para produção de defesa.

A Otan tem como objetivo ter 300 mil tropas prontas para ação. Os aliados da Otan também fizeram um "compromisso duradouro" de investir pelo menos 2% do seu PIB anualmente em defesa, de acordo com um comunicado publicado na cúpula.

Apenas 11 dos 31 membros da aliança atingiram ou superaram essa meta após "nove anos consecutivos de aumento nos gastos com defesa" desde 2014, mostraram documentos divulgados na cúpula.

Guerra da Ucrânia

Os líderes da Otan também se comprometeram a fornecer mais apoio de longo prazo à Ucrânia e realizaram a primeira reunião do novo Conselho Otan-Ucrânia com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. No entanto, eles não estabeleceram um cronograma para a adesão da Ucrânia à aliança, o que Zelensky chamou de "sem precedentes e absurdo".

Os membros da Otan têm se dividido sobre como aproximar a Ucrânia de seu bloco. Enquanto alguns membros do leste europeu estão pressionando por um compromisso explícito sobre quando a Ucrânia se juntará, os Estados Unidos e a Alemanha estão relutantes em esclarecer, segundo alguns relatos.

Ásia-Pacífico

Uma aliança regional entre a Europa e a América do Norte, a Otan convidou novamente líderes da Austrália, Japão, Nova Zelândia e Coreia do Sul, os chamados parceiros na região Ásia-Pacífico, para participar de sua cúpula pela segunda vez, e prometeu "fortalecer ainda mais o diálogo e a cooperação para enfrentar nossos desafios de segurança compartilhados", de acordo com o comunicado.

Com informações da Xinhua

Temas