A china reagiu com duras críticas a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) após ser citada nesta quarta-feira (29) no novo Conceito Estratégico da Otan, que apontou Pequim como um "desafio de defesa".
Essa é a primeira vez em 73 anos de existência da Otan que a organização cita a China em documento que orienta suas políticas e ações. Ao tomar conhecimento, o governo chinês rebateu o documento e afirmou que a organização tem "as mãos sujas de sangue".
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"A China não é, absolutamente, o desafio sistêmico imaginado pela Otan. Na verdade, a Otan é que constitui um verdadeiro desafio sistêmico para a paz e a estabilidade no mundo. A Otan finge ser uma organização regional e de natureza defensiva. De fato, não interrompe sua ampliação além de seus limites regionais e suas competências, provocando guerras e matando civis", declarou Zhao Lijian, porta-voz do governo chinês.
Em seguida, a porta-voz da China enumerou uma série de intervenções militares da aliança, tais como no Afeganistão e na Líbia; também citou o ataque contra a embaixada chinesa em Belgrado, em maio de 1999, durante a guerra contra a Sérvia que levou à independência da província de Kosovo. "As mãos da Otan estão manchadas de sangue dos povos do mundo", afirmou Zhao Lijian.
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Menção
O duro recado da China para a Otan tem uma motivação: nesta quarta-feira (29), a aliança militar divulgou o seu novo e revisado Conceito Estratégico, que estava há 12 anos sem atualização.
O documento é um referencial para as atitudes da Otan. Na nova versão, obviamente que a Rússia recebeu as principais menções e críticas como o país que "ameaça à paz e a segurança dos EUA e seus aliados".
Porém, de maneira inédita a Otan mencionou a China como um país que requer preocupação por causa de citadas ambições militares de Pequim e também por causa do laço entre o governo russo e o chinês.
"As ambições declaradas e políticas coercitivas da República Popular da China desafiam nossos interesses, segurança e valores", diz o documento da Otan que foi aprovado nesta quarta após reunião da cúpula, em Madri.
O documento ainda cita a recusa de o governo da China condenar a invasão de território ucraniano pelo exército russo.
"Este suposto documento do Conceito Estratégico da Otan ignora a realidade e apresenta os fatos de forma inversa. Se esforça [...] para difamar a diplomacia da China. O Documento tem a obstinação equivocada de apresentar a China como um desafio sistêmico", finaliza o porta-voz da China.