"Há mudanças acontecendo agora que não ocorrem há 100 anos. E estamos impulsionando juntos essas mudanças". Essas foram as palavras de despedida do presidente chinês, Xi Jinping, ao presidente russo, Vladimir Putin, nesta quarta-feira (22).
"Eu concordo", respondeu o anfitrião às portas do Kremlin. "Cuide-se, por favor, querido amigo", reagiu Xi. "Tenha uma boa viagem!", finalizou Putin.
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O presidente chinês esteve em Moscou para uma viagem oficial de três dias que teve início na última segunda-feira (20) a convite do colega russo.
As relações China-Rússia foram injetadas com mais substância à medida que um novo capítulo para os laços bilaterais foi lançado nesta visita. Xi e Putin tiveram conversas sobre os laços bilaterais entre os dois países, importantes questões regionais e internacionais de interesse mútuo, e alcançaram novos e importantes entendimentos comuns em muitos campos.
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Na terça-feira (21), os dois líderes mantiveram um diálogo "franco e frutífero" e assinaram declarações conjuntas com o objetivo de fortalecer a parceria China-Rússia e aprofundar a cooperação em investimentos, energia e outros campos.
Laços China-Rússia
Esta viagem de Xi a Moscou, a convite de Putin, é a primeira dele depois de mais de três anos e após a reeleição para o terceiro mandato como presidente da China.
Os dois presidentes concordaram que os dois lados precisam fortalecer o projeto geral e o planejamento de alto nível, impulsionar o comércio de energia, recursos e produtos eletromecânicos.
China e Rússia concordaram em aumentar a resiliência de suas cadeias industriais e de suprimentos, expandir a cooperação em áreas como tecnologia da informação, economia digital, agricultura e comércio de serviços.
Também vão promover maior complementaridade e desenvolvimento conjunto do comércio tradicional e das áreas emergentes de cooperação e facilitar ainda mais a logística e o transporte transfronteiriços.
Xi e Putin compartilharam a visão de que os dois lados devem continuar a cimentar a pedra angular das trocas entre pessoas. Especificamente, esforços devem ser feitos para encorajar mais interações entre províncias/estados irmãos e entre cidades irmãs, garantir o sucesso dos Anos de Intercâmbio Esportivo e facilitar o movimento de pessoal entre os dois países.
Guerra da Ucrânia
Sobre a crise na Ucrânia, Xi destacou que a China sempre cumpriu os propósitos e princípios da Carta da ONU, seguiu uma posição objetiva e imparcial e incentivou ativamente as negociações de paz. "A China baseou sua posição no mérito da questão em si e manteve-se firme pela paz e pelo diálogo e pelo lado certo da história", disse.
O presidente chinês recordou que, em fevereiro, a China divulgou o documento "Posição da China sobre a solução política da crise na Ucrânia".
Em março de 2013, Xi falou sobre o conceito de construir uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade durante um discurso no Instituto Estatal de Relações Internacionais de Moscou. Desde então, ele propôs uma série de iniciativas destinadas a promover a paz e o desenvolvimento global no contexto do aumento da conectividade.
Consistente com a Iniciativa de Segurança Global proposta por Xi é a posição da China sobre a crise na Ucrânia, que exige um acordo político para resolver o conflito. Durante a viagem, Xi reafirmou a postura "imparcial e objetiva" da China.
Putin, por sua vez, saudou os esforços da China para pressionar pela paz e disse que a Rússia está comprometida com a retomada das negociações de paz.
Política externa
Como membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, China e Rússia vão continuar a trabalhar com a comunidade internacional para defender as normas básicas que regem as relações internacionais com base nos propósitos e princípios da Carta da ONU.
Pequim e Moscou vão seguir atuando mais estreitamente em estruturas multilaterais, incluindo a Organização de Cooperação de Xangai, os Brics - bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - e o G20. Ambos seguirão a prática do multilateralismo e vão promover a recuperação econômica pós-Covid-19.
Os dois lados vão aumentar a força construtiva para construir um mundo multipolar e melhorar o sistema de governança global, contribuir mais para manter a segurança alimentar e energética global e manter as cadeias industriais e de suprimentos estáveis, e trabalhar juntos para uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade.
Pronunciamento conjunto
Lado a lado, Xi e Putin fizeram um pronunciamento conjunto à imprensa. O presidente chinês afirmou que o relacionamento China-Rússia foi muito além do âmbito bilateral e adquiriu importância crítica para o cenário global e para o futuro da humanidade. "Os dois lados continuarão avançando nos intercâmbios e na cooperação bilaterais com base nos princípios de boa vizinhança, amizade e cooperação ganha-ganha", disse.
"Sob as novas circunstâncias históricas, os dois lados verão e lidarão com as relações China-Rússia com uma visão ampla e uma perspectiva de longo prazo em uma tentativa de fazer uma maior contribuição para o progresso humano", observou Xi.
O líder chinês destacou que desde o ano passado, a cooperação prática abrangente entre China e Rússia produziu resultados frutíferos e continuou a manifestar pontos fortes de fundamentos sólidos, alta complementaridade e forte resiliência.
Xi elencou que o comércio bilateral cresceu 116% nos últimos dez anos, o que consolidou a base material para as relações bilaterais e deu um importante impulso ao desenvolvimento econômico e social em ambos os países. "Esta não é uma conquista fácil", observou.
Declarações conjuntas
Os dois lados apontaram que as relações China-Rússia não são o tipo de aliança político-militar durante a Guerra Fria, mas transcendem tal modelo de relações estado a estado e têm a natureza de não aliança, não-confrontação e não visar terceiros. Xi e Putin assinaram e emitiram duas declarações conjuntas.
Declaração Conjunta da República Popular da China e da Federação Russa sobre o Aprofundamento da Parceria Estratégica Abrangente de Coordenação para a Nova Era.
Declaração Conjunta do Presidente da República Popular da China e do Presidente da Federação Russa no Plano de Desenvolvimento Pré-2030 sobre Prioridades na Cooperação Econômica China-Rússia, com planos e arranjos para o crescimento das relações bilaterais e ampla cooperação entre os dois países daqui para frente.
Chine e Rússia também assinaram documentos de cooperação bilateral em áreas como agricultura, silvicultura, pesquisa científica e tecnológica básica, regulação de mercado e mídia.
Guerra dos chips: China critica medidas anunciadas pelos EUA
O Departamento de Comércio dos EUA divulgou nesta terça-feira (21) regras para impedir que US$ 52 bilhões em fabricação de semicondutores e financiamento de pesquisa sejam usados pela China e outros países considerados preocupantes por Washington.
Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (22), a China reagiu e classificou as medidas como "bloqueio científico" e "protecionistas por natureza". A declaração foi feita pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês Wang Wenbin.
Wang disse que os EUA tentaram fragmentar as cadeias industriais às custas da China. “Os EUA ampliaram demais o conceito de segurança nacional, abusaram das medidas de controle de exportação e até coagiram alguns de seus aliados a bloquear e conter a China”.
A proposta limita os destinatários de financiamento dos EUA de investir na expansão da fabricação de semicondutores em certos países estrangeiros e limita os destinatários de fundos de incentivo de se envolverem em esforços conjuntos de pesquisa ou licenciamento de tecnologia com uma entidade estrangeira em questão.
Essa medida abrange chips "incluindo chips de geração atual e de nó maduro usados para computação quântica, em ambientes com uso intensivo de radiação e para outras capacidades militares especializadas".
Wang disse que tais medidas "violam gravemente a lei da economia de mercado e o princípio da concorrência justa". Ele afirmou ainda que a contenção e a repressão dos EUA apenas "fortalecerão a determinação e a capacidade da China de buscar autossuficiência e inovação tecnológica".
"Preservar a própria hegemonia às custas da cooperação internacional econômica e sci-tech normal só vai sair pela culatra", pontuou Wang. Ele pediu a todas as partes que trabalhem com a China para salvaguardar a estabilidade das cadeias industriais e de suprimentos globais, bem como defender interesses compartilhados.
China critica projeto de lei dos EUA para rastrear origem da Covid-19
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, aprovou nesta segunda-feira (20) uma lei que exige a liberação de informações sigilosas relacionadas à origem da Covid-19. O projeto de lei, apresentado em janeiro e agora assinado pelo mandatário, pede que o diretor do Departamento de Inteligência dos EUA (DNI, na sigla em inglês) retire a classificação de sigilo de documentos que tragam informações sobre a origem da doença.
A Lei de Origem Covid-19 de 2023 afirma que a pandemia pode ter se originado na China. Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores chinês instou nesta terça-feira (21) que Washington interrompa imediatamente sua manipulação política do rastreamento da origem da pandemia.
A declaração foi feita pelo porta-voz do ministério Wang Wenbin durante uma coletiva de imprensa regular em Pequim. Ele afirmou que o projeto de lei distorce seriamente os fatos e fabrica informações falsas para difamar e atacar a China, à qual a China se opõe resolutamente.
Ele afirmou que a posição da China sobre rastreamento de origem tem sido consistente e observou que o país tem apoiado e participado do rastreamento global de origem baseado na ciência desde o primeiro dia e se opõe firmemente a todas as formas de manipulação política sobre esse assunto.
Por outro lado, o porta-voz declarou que a manipulação política dos EUA é o principal obstáculo para a pesquisa científica das origens da Covid-19. Ele acusa Washington de não ter feito nada responsável sobre o rastreamento de origem e nunca convidou grupos de especialistas da OMS para os EUA para pesquisa conjunta ou compartilhou quaisquer dados iniciais sobre as origens da Covid-19.
Wang disse ainda que os EUA "fez ouvidos moucos" às preocupações do mundo sobre a biotecnologia estadunidense em bases militares em Fort Detrick e ao redor do mundo.
"Pelo contrário, os EUA têm apontado o dedo para o processo de rastreamento de origem da OMS, punindo politicamente os cientistas com consciência e atacando os países com mentiras que não fazem sentido científico", enfatizou o porta-voz.
Wang comentou ainda que politizar o rastreamento de origem apenas prejudicaria a cooperação baseada na ciência sobre o assunto, interromperia a solidariedade contra o vírus e prejudicaria os mecanismos globais de governança da saúde.
Com informações da Xinhua, CGTN e Dongsheng News