RELAÇÕES EXTERIORES

Lula vai à China com objetivo de firmar ao menos 20 acordos bilaterais

Presidente faz primeira viagem ao maior parceiro comercial do Brasil e pretende diversificar relações comerciais e assinar acordos sobre tecnologia, combate à fome e às mudanças climáticas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).Lula vai à China com objetivo de firmar ao menos 20 acordos bilateraisCréditos: Ricardo Stuckert
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viaja para a China entre 26 e 31 de março, onde visitará as cidades de Pequim e Xangai e fará reuniões com o presidente Xi Jinping e o governo chinês a fim de assinar ao menos 20 acordos bilaterais. De acordo com o Itamaraty, que fez o anúncio da viagem, a comitiva brasileira contará com 240 empresários, além de ministros e parlamentares.

A maioria dos empresários, cerca de 90 deles, é do agronegócio. O Itamaraty informou que o governo brasileiro não está custeando a ida do grupo ao país que é desde 2009 o principal parceiro comercial do Brasil.

Nesta primeira viagem de Lula, em seu novo mandato, ao lado oriental do planeta, um dois objetivos é diversificar as relações comerciais. O Brasil quer vender mais produtos industrializados ao gigante asiático ao invés de focar seus esforços na exportação de commodities. Os empresários viajam ao país para auxiliar nesse objetivo. Atualmente os principais produtos exportados para a China são soja e minério de ferro.

“É uma visita de importância comercial, econômica e também política. Ela acontece na sequência da retomada de contatos de alto nível. Ocorre num momento auspicioso, de novo ciclo político no Brasil e na China. O objetivo é o aprofundamento da parceria estratégica global”, declarou à imprensa o embaixador Eduardo Saboia, secretário para Ásia e Pacífico do Itamaraty.

Além da questão comercial, os outros cerca de 20 acordos bilaterais que o presidente almeja assinar com os chineses envolvem temas como tecnologia, combate à fome, às mudanças climáticas, esportes e outros. A reunião com Xi Jinping ocorre em 28 de março, um dia após a chegada da comitiva de Lula ao país, e o Itamaraty não antecipou nenhuma expectativa a respeito da pauta que os chineses devem trazer para o encontro.

“Um dos temas da visita é o desenvolvimento dos países, o que envolve tecnologia, mudança do clima, transição energética e o combate à fome. É um momento em que o Brasil e a China também falam para o mundo, isso também está nos objetivos”, afirmou Saboia.

CBERS 6

Entre os acordos que o petista pretende assinar, consta um que prevê a construção e operação de um satélite, gerido por ambos países, que visa melhorar a qualidade de imagem para o monitoramento do desmatamento na Amazônia.

“O CBERS 6 será o primeiro satélite desenvolvido entre os dois países que usa tecnologia que permite monitorar a floresta mesmo com nuvens. É um avanço”, declarou o embaixador.

O programa CBERS (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres, na sigla em inglês) colocou o seu primeiro satélite em órbita em 1999 e, em 2019, o último. Ao todo, o programa já consumiu mais de U$ 300 milhões.

O CBERS 04A, lançado em 2019, terá sua vida útil encerrada em 2024. Seus custos foram igualmente divididos entre China e Brasil, e o satélite é útil para monitorar alguns tipos de atividades, como a do garimpo no leito de rios. O problema é que suas câmeras são afetadas pelas nuvens, justamente a questão que o novo satélite pretende corrigir.

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