CHINA EM FOCO

Vladimir Putin aceita a proposta de Xi Jinping para negociar a paz na Ucrânia

Presidente chinês está em Moscou e tratou com o colega russo, entre outros temas, do fim do conflito; EUA não apoiam o cessar fogo proposto pela China; e Lula anuncia que vai conversar sobre o assunto com Xi em Pequim

Créditos: Xinhua - Xi Jinping se reúne com Vladimir Putin em Moscou
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O presidente chinês, Xi Jinping, afirmou acreditar que as "vozes pela paz e racionalidade estão crescendo" para buscar uma solução para a Guerra da Ucrânia. Em resposta, o  presidente russo, Vladimir Putin, disse que analisou a proposta de Pequim e está aberto a negociações de paz.

O diálogo entre os dois líderes ocorreu durante encontro em Moscou nesta segunda-feira (20). Xi está na capital russa para uma visita de Estado de três dias a convite de Putin. Na pauta do encontro, além das negociações para buscar por meio do diálogo o cessar fogo do conflito entre russos e ucranianos, estão as relações de cooperação de alto nível sino-russa.

"Vozes pela paz e racionalidade estão crescendo. A maioria dos países apoia o alívio das tensões, apoia as negociações de paz e é contra colocar mais lenha na fogueira. Uma revisão da história mostra que os conflitos, no final, devem ser resolvidos por meio do diálogo e da negociação."
Presidente Xi Jinping

No último dia 24 de fevereiro, quando a Guerra da Ucrânia completou um ano, a China divulgou um documento sobre sua posição sobre a crise na Ucrânia, no qual defende a solução política da crise e rejeita a mentalidade da Guerra Fria e as sanções unilaterais, destacou Xi.

"A China acredita que quanto mais dificuldades houver, maior será a necessidade de manter espaço para a paz. Quanto mais agudo o problema, mais importante é não desistir dos esforços de diálogo. A China continuará a desempenhar um papel construtivo na promoção da solução política da questão da Ucrânia", ressaltou Xi.

Putin respondeu que a Rússia aprecia a China por defender consistentemente uma posição imparcial, objetiva e equilibrada e defender a imparcialidade e a justiça nas principais questões internacionais. 

"A Rússia estudou cuidadosamente o documento de posição da China sobre a solução política da questão da Ucrânia e está aberta a negociações de paz. A Rússia saúda a China por desempenhar um papel construtivo a esse respeito."
Vladimir Putin

Xi enfatizou que existe uma profunda lógica histórica para que a relação China-Rússia chegue onde está hoje. Os dois países são os maiores vizinhos um do outro e parceiros estratégicos abrangentes de coordenação e veem seu relacionamento como uma alta prioridade em sua diplomacia geral e política externa.

A China sempre defende uma política externa independente. Consolidar e desenvolver bem as relações China-Rússia é uma escolha estratégica que a China fez com base em seus próprios interesses fundamentais e nas tendências predominantes do mundo, observou Xi.

A China está firme em manter a direção geral de fortalecer a coordenação estratégica com a Rússia, disse o presidente chinês. Ele acrescentou que tanto Pequim quanto Moscou estão comprometidos em realizar o desenvolvimento e rejuvenescimento nacional, apoiar a multipolaridade mundial e trabalhar por uma maior democracia nas relações internacionais.

Xi afirmou ainda que os dois países devem aprofundar ainda mais a cooperação prática em vários campos e fortalecer a coordenação e colaboração em plataformas multilaterais como a ONU para impulsionar seu respectivo desenvolvimento e rejuvenescimento nacional e ser um baluarte para a paz e estabilidade mundial.

Putin comentou que com esforços conjuntos de ambos os lados, as relações Rússia-China nos últimos anos produziram resultados frutíferos em várias áreas. Ele afirmou ainda que a Rússia está pronta para continuar a aprofundar a cooperação prática bilateral, intensificar a comunicação e a colaboração em assuntos internacionais e promover multipolaridade e maior democracia nas relações internacionais.

Os dois presidentes disseram que esperam negociações formais nesta terça-feira (21) para elaborar um novo projeto para a parceria estratégica abrangente de coordenação China-Rússia nos próximos anos.

Confira o momento do encontro de Xi e Putin:

EUA são contra cessar fogo da Guerra da Ucrânia mediado pela China 

Valter Lima - John Kirby

Os EUA, antes mesmo do importante encontro entre os presidentes da China e da Rússia, já se pronunciaram contra o avanço dos diálogos para a paz. Nesta segunda-feira (20), o coordenador de Comunicações Estratégicas do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, afirmou que Washington se opõe a um cessar-fogo imediato na Ucrânia e não apoia o plano da China para uma solução política do conflito.

Kirby argumentou que tal passo significaria reconhecer a adesão de novos territórios que se tornaram parte da Rússia, ao mesmo tempo que daria a Moscou a oportunidade de fortalecer as posições e renovar suas forças. Ele declarou ainda que os EUA esperam que Xi Jinping faça contato direto com o presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, para ouvir também o lado ucraniano.

Lula quer conversar com Xi sobre a paz entre Rússia e Ucrânia

Reprodução TV 247 - Presidente Lula fala sobre encontro com Xi Jinping

Em entrevista concedida ao site Brasil 247 nesta terça-feira (21), o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, destacou o importante papel da China para a busca da paz entre Rússia e Ucrânia.

Ao ser questionado se vai conversar com o presidente Xi Jinping sobre a Guerra da Ucrânia durante visita oficial que fará à China a partir do próximo dia 26, Lula respondeu: "Se depender de mim, vai".

Lula também elogiou a visita oficial de Xi a Moscou para encontro com Vladimir Putin e espera que os diálogos para a busca da paz na região prosperem. "A China é um país extremamente importante, um país que pode ter uma discussão mais séria com os EUA", avaliou.

O presidente brasileiro ressaltou que o Brasil está à disposição para fazer qualquer esforço para garantir a paz. Ele recordou que já tratou desse tema com os presidentes dos EUA, Joe Biden, e da França, Emmanuel Macron, e com o chanceler da Alemanha, Olaf Schultz.

"A primeira coisa que tem que fazer é parar a guerra e depois sentar para conversar para ver o que é possível acertar da relação entre os dois países. O que é suficiente para a Rússia parar e o que é suficiente para a Ucrânia aceitar. Isso tem que ser conversado, mas só pode ser conversado depois de terminar a guerra."
Presidente Lula

"Eu estou convencido de que o Brasil pode dar uma contribuição extraordinária para colocar fim à guerra e voltar à paz", finalizou Lula.

Militar dos EUA acusa exército chinês de pressão e é criticado nas redes

O programa 60 minutes, da rede estadunidense CBS, fez uma entrevista com o almirante Samuel Paparo, comandante da Frota do Pacífico dos EUA. Ele disse que os militares chineses se tornaram “agressivos” no ar, movendo-se a poucos metros de outras aeronaves e exibindo suas armas.

Em resposta, vários internautas criticaram a fala do almirante. 

"Fique longe da China então, amigo! O que os EUA fariam se os jatos chineses do PLA voassem na costa da Califórnia? Apenas deixá-los ser?", comentou o jornalista Andy Boreham.

"É uma desgraça absoluta que a China voe tão perto das aeronaves americanas - por que a China iria querer estar tão perto da costa dos EUA? Isso me confunde. Oh, espere, eu verifiquei o vídeo, esses eventos acontecem a 6 milhas das praias chinesas - tudo bem então", ironiza o perfil de Jerry's China.