O embaixador da China na Organização das Nações Unidas (ONU), Zhang Jun, pediu a promoção da paz sustentável por meio do desenvolvimento comum em um debate aberto no Conselho de Segurança da ONU nesta segunda-feira (20).
A pedido da China, presidente rotativo do Conselho de Segurança da ONU neste mês de novembro, a sessão foi focada em "Promover a Sustentação da Paz através do Desenvolvimento Comum".
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Em seu discurso, Zhang pontuou que, alcançar o desenvolvimento básico, inclusivo e sustentável é a base para garantir a paz e a estabilidade de longo prazo de um país.
O diplomata chinês observou que a maioria dos problemas urgentes na agenda do Conselho de Segurança da ONU ocorre em regiões em desenvolvimento onde a pobreza e o desenvolvimento desequilibrado são características comuns.
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Ele afirmou ainda que alcançar o respeito mútuo e o desenvolvimento comum é uma maneira eficaz de manter a paz internacional.
Tomamos nota de que alguns países, usando a democracia e os direitos humanos como pretexto, interferem descaradamente nos assuntos internos de outros estados e até impõem modelos de governança a outros. Tais práticas levaram a agitações prolongadas em algumas regiões, bem como a um aumento de refugiados e migrantes transfronteiriços, e acabaram voltando-se contra os próprios perpetradores.
Zhang também comentou que os estados têm diferentes condições nacionais, bem como contextos históricos e culturais. Ele afirmou que todos os países devem respeitar plenamente o direito de cada país escolher seu próprio caminho de desenvolvimento e apoiar cada país na escolha de um modelo de governança que esteja de acordo com suas condições nacionais.
A China pede a realização do desenvolvimento comum, segurança comum e a construção de uma comunidade internacional amigável, destacou o enviado chinês.
O diplomata declarou ainda que a China reitera que continuará a apoiar a ONU e o Conselho de Segurança da ONU em desempenhar um papel de liderança e coordenação na causa da paz e desenvolvimento globais.
Zhang finalizou que a China aumentará o aporte de recursos e injetará novo ímpeto nas ações relevantes da ONU e de seus estados membros através do Fundo Global de Desenvolvimento e Cooperação Sul-Sul e do Fundo de Paz e Desenvolvimento China-ONU.
Caminho para a paz
Durante a sessão do Conselho de Segurança da ONU convocada pela China, o secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou a importância do desenvolvimento na prevenção de conflitos e promoção da paz.
O líder da ONU disse que nove dos 10 países com os indicadores mais baixos de Desenvolvimento Humano viveram conflitos ou violência nos últimos 10 anos.
Segundo ele, as desigualdades e falta de oportunidades, trabalhos decentes e liberdade podem “gerar frustração e levantar o espectro da violência e da instabilidade” e que “instituições fracas e corrupção podem aumentar o risco de conflitos”.
O secretário-geral adicionou que o “caos climático e a degradação ambiental são multiplicadores de crises.”
Para Guterres, o desenvolvimento humano "ilumina o caminho para a esperança", promovendo prevenção, segurança e paz. Ele afirmou que avançar um mundo pacífico é um esforço que deve estar de mãos dadas com o avanço do desenvolvimento sustentável e inclusivo.
O chefe das Nações Unidas enfatizou que construir a paz significa garantir segurança alimentar, acesso a educação, serviços de saúde, proteção social e dignidade para todos. Também significa fortalecer a resiliência a choques climáticos e investir em adaptação.
Guterres destacou ainda suas propostas para uma Nova Agenda para a Paz que estabelece uma visão para a prevenção de conflitos e sustentação da paz em uma época de tensões crescentes e proliferação de conflitos.
Escolhas decisivas
A ex-presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, e atual presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), o Banco dos BRICS, sublinhou a necessidade de superar divisões para alcançar a paz.
Ela participou da sessão do Conselho de Segurança da ONU por videoconferência e disse que o debate é “oportuno” levando-se em conta os desafios que a humanidade enfrenta.
Dilma destacou que a cooperação entre os países é o "princípio chave para atingir a paz" e que em um mundo de tantas dicotomias, os países são confrontados com escolhas decisivas.
Polarização ou prosperidade comum? Mentalidade de guerra fria ou multilateralismo? Copiar modelos de desenvolvimento de outros países ou construir o próprio caminho de acordo com as convicções de cada nação? Combater as alterações climáticas com injeções significativas de novos recursos ou simplesmente deixar as coisas como estão?
Segundo Dilma, a melhoria da governança internacional está no cerne da construção de um futuro de desenvolvimento comum para todos.
A presidenta do Banco dos BRICS afirmou ainda que é essencial garantir a eficácia dentro do sistema das Nações Unidas, pois “esta é a única forma de a voz e os direitos da maioria da humanidade poderem ser ouvidos”.