CHINA EM FOCO

China assume presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU e encara desafios diplomáticos

Representante permanente da potência asiática, Zhang Jun, defende cessar-fogo humanitário na Faixa de Gaza e se opõe à posição de Washington

Créditos: Ministério das Relações Exteriores da China - China, representada pelo diplomata Zhang Jun, preside do Conselho de Segurança da ONU ao longo de novembro de 2023
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Nesta quarta-feira (1), a China assume a presidência rotativa do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) em lugar do Brasil. A potência asiática se prepara para enfrentar uma tarefa complexa ao longo do mês de novembro: destravar o debate diplomático em relação ao conflito entre Israel e Palestina no Oriente Médio.

O desafio chinês na liderança do colegiado vai encarar uma série de resoluções rejeitadas nas últimas votações. Além disso, a China também terá que lidar com questões relacionadas à guerra entre Ucrânia e Rússia, um aliado importante de Pequim, bem como abordar temas de reforma organizacional e apoiar a candidatura do Brasil a uma vaga como membro permanente do Conselho de Segurança.

Conflito no Oriente Médio é o foco

Nas últimas quatro semanas, sob a presidência brasileira, o Conselho de Segurança da ONU rejeitou um total de quatro resoluções apresentadas por diferentes países. Isso inclui o adiamento da sessão emergencial desta segunda-feira (30), que foi convocada a pedido das delegações dos Emirados Árabes Unidos e da China. Esses eventos destacaram um impasse interno no Conselho de Segurança.

Na semana passada, a China, em conjunto com a Rússia, vetou uma proposta estadunidense. A principal razão foi a falta de um apelo explícito por um cessar-fogo, bem como a ausência de condenação dos ataques a civis no enclave palestino.

Posicionamento chinês

O embaixador da China na ONU, Zhang Jun, proferiu um discurso no Conselho de Segurança na última segunda-feira (30) e destacou a gravidade da situação em Gaza e a urgência de ação por parte do colegiado.

Ele comentou que na sexta-feira (27), a 10ª sessão especial de emergência da Assembleia Geral aprovou, por uma esmagadora maioria, uma resolução que pede um cessar-fogo humanitário imediato e duradouro, com o objetivo de encerrar as hostilidades. Isso reflete o apelo generalizado da comunidade internacional.

Lamentavelmente e de forma inaceitável, no entanto, Israel, ignorando as preocupações comuns da comunidade internacional, optou por intensificar ainda mais suas operações militares em Gaza e formalmente declarou o início de uma operação terrestre.

 

O diplomata tem ressaltado reiteradamente que a China reconhece as preocupações de segurança de Israel, mas se opõe à tentativa dos Estados Unidos de "estabelecer uma nova narrativa" sobre o conflito, ignorando o fato de que o território palestino está ocupado há muito tempo.

Por outro lado, a proposta brasileira, que foi vetada pelos EUA, recebeu apoio da China, assim como a resolução apresentada pela Rússia. Ambas buscavam um cessar-fogo imediato no conflito.

A presidência rotativa da China no Conselho de Segurança da ONU se inicia com desafios diplomáticos significativos, enquanto o mundo observa de perto os esforços para resolver conflitos internacionais complexos.

Funcionamento do Conselho de Segurança

Para que uma resolução seja aprovada, é necessário o consentimento de, no mínimo, nove dos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU, desde que nenhum dos cinco membros permanentes exerça o poder de veto.

A mais recente resolução adotada pelo Conselho ocorreu em 2 de outubro do ano passado e tratava do envio de uma força multinacional de auxílio para o Haiti. Em média, o órgão aprova cerca de quatro a cinco resoluções mensalmente.