JOGO BRUTO

Eleição 'comprada'? Elon Musk é acusado de subornar eleitores de estado nos EUA

Comitê financiado pelo bilionário oferece aos eleitores registrados US$ 100 para assinarem petição "contra juízes ativistas", em eleição para a Suprema Corte de Wisconsin

Créditos: UK Government
Escrito en GLOBAL el

O bilionário Elon Musk, também conselheiro-sênior do presidente dos EUA, Donald Trump, está sendo acusado de subornar eleitores de Wisconsin para votarem em seu candidato a juiz da Suprema Corte do estado.

Representando a instância máxima do Judiciário no estado, o tribunal tem sete juízes e cada um é eleito diretamente pela população. Na disputa por uma vaga, o conservador Brad Schimel, apoiado por Musk, concorre contra Susan Crawford, mais alinhada aos progressistas.

A acusação contra o bilionário decorre de uma iniciativa do seu super comitê de ação política, America PAC, que está atualmente circulando uma petição em oposição a "juízes ativistas", oferecendo aos eleitores registrados de Wisconsin US$ 100 para assinarem o documento.

O último dia para o eleitor subscrever a petição é 1º de abril, o dia da eleição. Atualmente, a Corte tem uma maioria de quatro a três contra os conservadores. Mas a juíza progressista Ann Walsh Bradley está se aposentando, por isso a disputa ganhou uma importância que vai além das fronteiras do estado.

A força da grana

Como destaca esta matéria do Common Dreams, a atitude do America PAC de Musk gerou reações como esta, do escritor e comentarista Dean Obeidallah: "Elon Musk agora está subornando os eleitores de Wisconsin enquanto busca COMPRAR uma cadeira na Suprema Corte de Wisconsin. A eleição é em 1º de abril. Precisamos vencer. Se você tem amigos em Wisconsin, por favor, incentive-os a votar na juíza Susan Crawford. Diga NÃO à OLIGARQUIA!"

"É assim que se parece um sistema de financiamento de campanha que não funciona", disse ainda o ex-secretário do Trabalho e professor da Universidade da Califórnia, Berkeley, Robert Reich, no X.

Segundo o Mother Jones, além do America PAC, outro comitê apoiado por Musk, o conservador Building America's Future, gastaram juntos mais de US$ 11 milhões atacando a juíza e candidata Susan Crawford e apoiando Brad Schimel.

"Elon Musk agora investiu mais dinheiro nesta corrida para a Suprema Corte do que, até onde eu sei, qualquer doador já investiu em qualquer eleição judicial de Wisconsin", disse o presidente do Partido Democrata de Wisconsin, Ben Wikler.

Estado-chave

Wisconsin é um estado de campo de batalha intensamente contestado nas eleições gerais, com cinco das últimas sete disputas presidenciais decididas por uma diferença de menos de 30 mil votos. Assim, as decisões do tribunal têm implicações nacionais significativas.

O ex-governador republicano Scott Walker tem trabalhado nacionalizar a disputa pela Suprema Corte, que deve julgar em breve temas como o direito ao aborto e direitos trabalhistas. "A eleição de 1º de abril é importante para nós em Wisconsin, mas também é de vital importância para o resto da nação", disse ele.

Este apelo chegou a Musk que, em janeiro, depois de os candidatos ao tribunal entrarem com suas petições para participar da eleição, tuitou em sua plataforma X: "É muito importante votar no Partido Republicano para a Suprema Corte de Wisconsin para evitar fraude eleitoral!". A eleição para juiz da Suprema Corte estadual, oficialmente, é apartidária, o que torna a mensagem do bilionário inócua.

Como ressaltado nesta matéria da Fórum, a campanha de Schimel tem adotado uma linha bastante semelhante à de Trump, seguindo o mesmo ideário. Em sua página oficial, é possível observar ataques a Crawford como um texto no qual afirma que "uma longa lista de organizações de interesses especiais de extrema esquerda — grupos que apoiam homens em esportes femininos, provedores de bloqueadores da puberdade infantil e oponentes fanáticos do Ato 10 [lei anti trabalhista e antissindical aprovada no governo Walker] — divulgaram seus apoios à candidata escolhida a dedo pelos democratas, Susan Crawford".

Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar