As lojas da Tesla, fabricante de carros elétricos e que pertence a Elon Musk, têm sido alvo de ataques em várias regiões do mundo: França, Espanha e agora também nos EUA. Dezenas de revendedoras foram incendiadas. A autoria dos ataques tem sido assumida por grupos anarquistas, que acusam Musk de ser neonazista.
No entanto, Elon Musk vinha tratando os ataques contra a Tesla com certo desdém e soberba. Porém, com a escalada das depredações das lojas da montadora de carros elétricos, o empresário sul-africano revelou, nesta quinta-feira (20), por meio de seu perfil na rede social X - que também lhe pertence -, que está em desespero com o avanço dos ataques.
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Elon Musk classificou os ataques contra a Tesla como "destruição extrema". "Já houve tamanho nível de violência coordenada contra uma empresa pacífica? Eu entendo que não se queira comprar um produto, mas isso é um incêndio criminoso e destruição extrema!", declarou o secretário de Donald Trump.
“Nazista”: pichações e explosivo em sedes da Tesla marcam protestos contra Musk nos EUA
Desde que o multibilionário Elon Musk — CEO de empresas como a SpaceX, a Tesla e a rede social X — assumiu o comando de um novo departamento do governo norte-americano, o DOGE (Department of Government Efficiency), dedicado ao corte extremo de "gastos" via demissões em massa e a exigência de trabalho 100% presencial para servidores públicos, múltiplos ataques têm sido feitos às sedes da Tesla, empresa automotiva de Musk.
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A onda de protestos contra o CEO da Tesla e agente governamental "braço direito" de Donald Trump é motivada por uma outra onda: a de demissões, que já somam 62 mil cargos federais e são estimadas em até 300 mil segundo dados da Apollo Global Management, empresa privada de ativos dos EUA.
As demissões ocorrem por incentivos do DOGE, mas também dentro dele: desde sua criação, pelo menos 21 funcionários do governo já assinaram suas cartas de demissão, em que mencionavam como motivo o "desmantelamento de serviços públicos essenciais" produzido pela recém-criada ala do governo trumpista, como divulgou a Associated Press.
Manifestantes têm se reunido periodicamente em frente às lojas da Tesla, segurando cartazes e performando atos de vandalismo, como forma de protesto à atuação de Musk no governo e à sua figura reacionária — inclusive sua constante apologia ao nazismo.
No dia 11 de fevereiro, uma mulher de 42 anos foi levada presa após "causar danos" a uma loja da Tesla no Colorado, acusada de ter pichado seu interior com a palavra "NAZI" — em referência à saudação nazista performada por Musk durante a inauguração de Trump na presidência dos Estados Unidos, em 20 de janeiro.
Leia mais: O gesto nazista de Musk e o futuro do planeta - Revista Fórum
No dia 3 de março, mais protestantes se reuniram em Maryland, em frente a uma das lojas da Tesla, em protesto a Musk — e mais atos de pichação se seguiram. Um deles foi o desenho de uma suástica em que se lia "No Musk" ("Musk não").
Ao longo dos dias seguintes, entre os 4 e 8 de março, mais atos de vandalismo foram registrados em Massachusetts, Nova York, Boston, Oregon e Colorado.
Uma usuária da rede social X diz: "No protesto da Tesla em São Francisco, as buzinas são ensurdecedoras!"
No dia 6, houve uma ocorrência de tiros disparados contra uma loja da Tesla em Portland (Oregon), que atingiram carros e geraram danos graves em uma das lojas da Tesla.
Na sexta-feira (7), um explosivo caseiro foi atirado ao pátio de uma loja e causou um incêndio entre os veículos Tesla, que foram danificados, no momento em que funcionários do prédio faziam uma limpeza noturna.
Além da atuação questionável à frente do DOGE, Musk é condenado publicamente por sua conduta apologética ao nazismo — como foi o caso da série de menções feitas por ele em janeiro, em ocasião do Dia da Memória do Holocausto, quando chegou a dizer que “há muito foco na culpa do passado” e que era preciso “caminhar para além disso", além de afirmar que partidos anti-imigração que estimulem a preservação cultural da Europa são "a maior esperança para a Alemanha".
"É bom ter orgulho da cultura alemã, dos valores alemães, e não se perder nessa espécie de multiculturalismo que dilui tudo", disse Musk na ocasião.
Vídeos que circulam pelas redes sociais mostram uma loja da Tesla, a montadora de carros elétricos pertencente a Elon Musk, sendo destruída por manifestantes que não concordam com as posições do bilionário.
Além dos EUA, as lojas da Tesla têm sido alvo de ataques na Europa. Na França, revendedoras da montadora foram incendiadas por grupos anarquistas, que assumiram a autoria dos atos.
Os anarquistas criticam o que chamam de "inclinações nazistas" de Elon Musk. Em um comunicado, declararam:
"Enquanto as elites multiplicam as saudações nazistas, decidimos saudar uma concessionária Tesla à nossa maneira [...] o antifascismo militante que não acredita no mito da democracia e a ecologia radical que não acredita em soluções tecnológicas".
Os grupos anarquistas franceses publicaram chamados para novos ataques contra as revendedoras da Tesla e, pelo visto, o apelo surtiu efeito. Nesta segunda-feira (10), manifestantes destruíram uma loja da montadora. Há registros de incidentes semelhantes em outras localidades dos EUA.
Confira abaixo:
https://x.com/ThiagoResiste/status/1899150872497565796
Dezenas de carros da Tesla, de Elon Musk, são incendiados na França
Dezenas de carros da Tesla, empresa de Elon Musk, foram incendiados entre domingo (2) e segunda-feira (3) na cidade de Toulouse, no sul da França.
Logo após o incêndio, que destruiu dezenas de carros da Tesla, a polícia local foi categórica e afirmou se tratar de um “ataque organizado”. Eles não estavam enganados: anarquistas assumiram a autoria do ataque.
Nesta terça-feira (4), um grupo anarquista assumiu a autoria do incêndio e publicou uma espécie de manifesto no site lata.info (Informações Antiautoritárias de Toulouse e Arredores) sob o título "Saudação Incendiária à Tesla". No texto, é informado que os veículos foram incendiados "dentro das instalações com a ajuda de dois galões de gasolina".
Os anarquistas criticam as inclinações nazistas de Elon Musk. "Enquanto as elites multiplicam as saudações nazistas, decidimos saudar uma concessionária Tesla à nossa maneira [...] o antifascismo militante que não acredita no mito da democracia e a ecologia radical que não acredita em soluções tecnológicas".
"Com esse ato, participamos do chamado 'Bem-vindo à primavera, queime um Tesla', da campanha internacional contra a Tesla, da Alemanha aos Estados Unidos e, mais amplamente, do conflito anarquista", continua o texto dos autores do ataque.
Após a publicação do manifesto, uma série de chamados para incendiar carros da Tesla surgiram nas redes sociais. A polícia francesa revelou que está investigando aqueles que incentivam "atos de vandalismo e contra o patrimônio".