Uma enquete feita pelo site alemão T-Online aponta que 94% dos seus leitores dizem que não comprariam novamente um veículo elétrico da Tesla, montadora do bilionário Elon Musk novamente. Somente 3% afirmaram que ainda considerariam um carro da empresa.
Embora não seja uma pesquisa com metodologia científica, a expressiva participação, um recorde de 100 mil pessoas, dá uma dimensão da impopularidade dos veículos da companhia na Alemanha. E não é o único dado.
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A venda de veículos elétricos em território germânico aumentou 27% nos dois primeiros meses de 2025, mas a Tesla viu queda de 41%. Só em fevereiro, a redução dos números da montadora de Musk chegou a 76,3% em comparação com o mesmo mês de 2024. Nenhuma marca perdeu tanta participação de mercado alemão quanto a Tesla.
Imagem de Musk
Especialistas apontam vários fatores que poderiam justificar a derrocada da montadora no país, e um deles é a própria imagem de seu dono, Elon Musk.
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Em janeiro de 2025, durante um comício de posse do presidente Donald Trump em Washington, o dono da Tesla fez um gesto que foi interpretado como uma saudação nazista. Em resposta às acusações, Musk comentou no X: "A tática de 'todo mundo é Hitler' está tão ultrapassada", mas não negou explicitamente as alegações. O episódio foi celebrado por extremistas de direita e neonazistas, que entenderam a saudação como um sinal de apoio às suas ideologias.
Além disso, o bilionário participou ativamente da campanha do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema direita. Ainda que a legenda tenha conseguido pouco mais de 20% dos votos nas últimas eleições legislativas, o fato é que seus eleitores não são os consumidores ideais de carros elétricos.
A AfD argumenta que a atividade humana não causa o aquecimento global, alegando que as mudanças climáticas decorrem de um processo natural. Rejeitam qualquer forma de política climática e defendem a retirada da Alemanha do Acordo Climático de Paris e do Green Deal da União Europeia (UE). Também querem cortar a construção de infraestrutura de veículos elétricos.
Carros queimados em Berlim
Quatro carros da Tesla foram incendiados em Berlim nesta sexta-feira (14). A polícia local afirmou que "motivação política" não pode ser descartada.
Segundo o site ABC, foi relatado o primeiro veículo em chamas em um distrito oriental de Berlim nas primeiras horas da manhã da sexta. Cerca de meia hora depois, um transeunte viu outro Tesla em chamas no distrito ocidental de Steglitz e, na sequência, mais dois veículos foram vistos em chamas.
Queda de vendas na Europa
Entre janeiro e fevereiro deste ano, a Tesla registrou quedas expressivas nas vendas em outros países da Europa, chegando a 50% em Portugal e 45% na França, segundo a Reuters, enquanto registraram redução de 42% na Suécia e 48% na Noruega.
Aliás, no país nórdico, o mercado automobilístico está experimentando forte crescimento, com as vendas gerais aumentando 46,3%, e os carros elétricos, 53,4% nos dois primeiros meses de 2025. A Tesla cai do primeiro para o terceiro lugar no país, sendo ultrapassada por Volkswagen e Toyota.
Segundo o professor da Universidade de Bergen, Thor Øivind Jensen, em entrevista ao T-Online aponta a postura da empresa no país como causa da queda. "A Tesla está na lista de ódio da Federação Norueguesa de Automóveis (NAF) e do Conselho do Consumidor". As queixas se relacionam ao serviço ruim prestado pela montadora, além de reações consideradas "muito arrogantes" às reclamações feitas pelos consumidores.