Após o anúncio de Donald Trump de expulsar os palestinos da Faixa de Gaza e tomar a região para os Estados Unidos, diversas potências mundiais se pronunciaram contra o plano do presidente extremista. A ideia foi rapidamente rejeitada e criticada por países da Europa, Ásia e também pelo Brasil.
Além disso, a própria Organização das Nações Unidas (ONU) se pronunciou e afirmou que a iniciativa é ilegal e promove uma "limpeza étnica". A declaração de Trump foi feita ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, responsável por coordenar o genocídio palestino na Faixa de Gaza.
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França
O governo da França, de Emmanuel Macron, rejeitou o plano e afirmou que a iniciativa violaria o direito internacional e desestabilizaria a região.
"A França reitera sua oposição a qualquer deslocamento forçado da população palestina de Gaza, o que constituiria uma grave violação do direito internacional, um ataque às legítimas aspirações dos palestinos, mas também um grande obstáculo à solução de dois Estados e um grande fator de desestabilização para nossos parceiros próximos, Egito e Jordânia, bem como para toda a região", declarou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Christophe Lemoine, em um comunicado.
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Lemoine ainda acrescentou que a França defende a criação de um Estado palestino.
China
A China também se pronunciou com reação negativa ao plano de Trump. Durante coletiva regular de imprensa do Ministério das Relações Exteriores chinês nesta quarta-feira (5), o porta-voz Lin Jian reforçou que Pequim sempre acreditou que “os palestinos governando a Palestina” é o princípio fundamental da governança de Gaza no pós-conflito.
“Nós nos opomos ao deslocamento forçado da população em Gaza e esperamos que as partes envolvidas aproveitem a oportunidade do cessar-fogo e da governança pós-conflito em Gaza para recolocar a questão palestina no caminho certo para uma solução política baseada na solução de dois Estados, a fim de alcançar uma paz duradoura no Oriente Médio”, afirmou.
Rússia
A Rússia também defendeu como solução ao conflito a criação de um Estado palestino. O pronunciamento do país foi mais contido, afirmando que estava ciente do plano de Trump, mas que reiterava a "bem conhecida" posição do país sobre a criação de dois Estados.
Reino Unido
Aliado dos Estados Unidos, o Reino Unido rejeitou a iniciativa de Trump, defendendo também a criação de dois Estados.
"Precisamos ver os palestinos capazes de viver e prosperar em suas terras natais em Gaza e na Cisjordânia. É a isso que queremos chegar", disse David Lammy, chefe da diplomacia britânica, em uma coletiva de imprensa em Kiev, capital da Ucrânia.
O primeiro-ministro Keir Starmer também se pronunciou horas depois, afirmando que os palestinos devem poder voltar para casa. "Eles precisam ter permissão para voltar para casa. Eles precisam ter permissão para reconstruir, e nós devemos estar com eles nessa reconstrução, no caminho para uma solução de dois Estados", disse.
Arábia Saudita
Durante seu pronunciamento, Trump afirmou que contava com o apoio da Arábita Saudita para executar o plano de expulsar os palestinos de Gaza. A potência, porém, negou as afirmações do presidente dos EUA e reforçou sua defesa na criação de um Estado palestino.
"A posição do Reino da Arábia Saudita sobre o estabelecimento de um estado palestino é firme e inabalável", declarou o Ministério das Relações Exteriores saudita, Faisal bin Farhan, em um comunicado.
"A Arábia Saudita continuará seus esforços incansáveis para estabelecer um estado palestino independente com Jerusalém Oriental como sua capital, e não estabelecerá relações diplomáticas com Israel sem isso", continuou o chanceler, reforçando "sua rejeição inequívoca a qualquer violação dos direitos legítimos do povo palestino, seja por meio de políticas de assentamento israelenses, anexações de terras ou tentativas de deslocar o povo palestino de suas terras".
Alemanha
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, defendeu que "a população civil de Gaza não pode ser expulsa e Gaza não pode ser permanentemente ocupada ou recolonizada”, em comunicado oficial do país.
A Faixa de Gaza “pertence aos palestinos” e deverá, “tal como a Cisjordânia e Jerusalém Oriental” fazer parte do “futuro Estado palestiniano”, afirmou.
Espanha
A Espanha também se manifestou contra a ideia de Trump. "Quero ser muito claro sobre isso: Gaza é uma terra dos palestinos de Gaza e eles devem permanecer em Gaza. Gaza faz parte do futuro estado palestino que a Espanha apoia e deve coexistir garantindo as ameaças e a segurança do estado de Israel", afirmou José Manuel Albares, ministro das Relações Exteriores do país.
Brasil
O presidente Lula (PT) também criticou a iniciativa de Trump, defendendo que 'quem tem que cuidar de Gaza são os palestinos'.
"Os EUA participaram do incentivo a tudo que Israel fez na Faixa de Gaza. Então, não faz sentido se reunir com o presidente de Israel e dizer: 'nós vamos ocupar Gaza, vamos recuperar Gaza, vamos morar em Gaza.' E os palestinos vão para onde, onde vão viver? Qual o país deles?", criticou o presidente.
"Então, é uma coisa praticamente incompreensível para qualquer ser humano. As pessoas precisam parar de falar aquilo que lhe vem na cabeça. [...] Cada um governa o seu país e vamos deixar os outros países em paz", completou.
Lula ainda reforçou novamente que o que Israel promoveu em Gaza foi um genocídio palestino. "O que eles precisam é ter uma reparação de tudo aquilo que foi destruído, para que possam reconstruir suas casas, hospitais, escolas, e viver dignamente com respeito", acrescentou o presidente, que também defendeu a criação de um Estado Palestino.
Hamas
O Hamas, movimento islamista palestino, criticou a iniciativa de Trump, que considerou "racista". “A posição racista americana está alinhada com a da extrema-direita israelense, que consiste em deslocar o nosso povo e erradicar nossa causa”, afirmou em um comunicado um porta-voz do Hamas, Abdel Latif al Qanu.
"Limpeza étnica", diz ONU
O secretário-geral da ONU, António Guterres, se manifestou logo após o anúncio de Trump e alertou que o plano do presidente promove uma "limpeza étnica" contra os palestinos. “É crucial permanecer fiel aos fundamentos do direito internacional. É essencial evitar qualquer forma de limpeza étnica”, declarou à imprensa.
“Qualquer paz de rigor exigirá um progresso tangível, irreversível e permanente na direção à solução de dois Estados, o fim da ocupação e o estabelecimento de um Estado palestino independente, com Gaza como parte integrante”, acrescentou o secretário.