Quase dois meses após o resultado das eleições legislativas vencidas pela Nova Frente Popular, de esquerda, que ocupará 182 vagas no Parlamento, o presidente Emmanuel Macron anunciou a nomeação de Michel Barnier, um quadro da direita, como primeiro-ministro da França.
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No país europeu, presidente e primeiro-ministro governam em conjunto. Aos 73 anos, Barnier, que foi o negociador do Brexit na União Europeia, vai substituir Gabriel Attal, de 35 anos, o premiê mais jovem da França.
Macron, que ignorou o resultado das eleições legislativas, acelerou a escolha após o fim das Olimpíadas de Paris.
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Líder da esquerda, Jean-Luc Mélenchon protestou contra a nomeação. “As eleições foram roubadas dos franceses”, disse.
Entre os socialistas, o nome mais forte era o de Bernard Cazeneuve, mas a direita - que indicou Xavier Bertrand - articulou e impediu que se formasse consenso para que o resultado eleitoral fosse obedecido.
Com a recusa de Macron em apoiar alguém de esquerda, o partido de extrema direita Reunião Nacional (RN) acabou ficando como fiel da balança e definiu os rumos que alçaram Barnier ao cargo.
Após o anúncio, com a anuência da ultradireita, Jordan Bardella, presidente do RN, e Marine Le Pen, líder do partido na Assembleia [também de ultradireita], dizem que irão analisar o discurso de Barnier para saber se irão acabar com a "greve" no parlamento francês - que está paralisado.
“Nós pedimos que as grandes emergências dos franceses, o poder aquisitivo, a segurança, a imigração, sejam finalmente resolvidas, e reservamos qualquer meio de ação política se este não for o caso nas próximas semanas”, disse Bardella no X, segundo a Rádio França Internacional.
Le Pen declarou que Michel Barnier "parece cumprir pelo menos o primeiro critério que havíamos solicitado, ou seja, um homem que respeite as diferentes forças políticas e seja capaz de se dirigir ao Reunião Nacional, que é o primeiro grupo da Assembleia Nacional, da mesma forma que outros grupos”.
Ao falar de “um primeiro-ministro nomeado com a autorização e talvez por sugestão do Reunião Nacional”, o esquerdista Mélenchon conclamou, em um vídeo publicado nas redes sociais “a uma mobilização mais poderosa possível”, anunciando uma manifestação para este sábado (7).
O secretário-geral do Partido Socialista, Olivier Faure, disse que “estamos entrando em uma crise de regime”. Ele descreveu uma “negação democrática levada ao auge: um primeiro-ministro do partido que ficou na quarta posição e que nem sequer participou na frente republicana” para barrar a vitória da extrema direita nas eleições legislativas.
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