Em carta dirigida aos franceses, publicada no jornal Le Parisien, Emmanuel Macron escreveu que "ninguém venceu" as eleições parlamentares que ele convocou, um discurso que já vinha sendo articulado pelos apoiadores do partido liberal Renaissance.
Macron também escreveu na carta que pretende exercer todos os poderes conferidos à presidência francesa até que se esgote seu mandato, em 2027.
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Ele manteve no cargo o primeiro-ministro aliado, Gabriel Attal, e pediu que as forças "republicanas" francesas formem maioria para governar.
GOLPE DE PERDEDOR?
Com isso, Macron, que foi o grande derrotado no último domingo -- seu bloco parlamentar perdeu cerca de 80 cadeiras -- tenta transformar sua derrota pessoal numa vitória, negando protagonismo à Nova Frente Popular, de esquerda, que ocupará 182 vagas no Parlamento e pretende apresentar um nome de consenso para futuro primeiro-ministro.
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Desde domingo, as quatro forças de esquerda -- França Insubmissa, Ecológicos, Partido Socialista e Partido Comunista -- já publicaram uma nota conjunta de advertência a Macron e apresentaram nomes que poderiam liderar um futuro gabinete.
O jornal diretista Le Figaro, por sua vez, publicou editorial que reflete a posição da elite econômica francesa, de que dar poder à esquerda seria equivalente a cometer "suicídio econômico".
O programa econômico da Nova Frente Popular fala em rever a reforma da Previdência, aumentar o salário mínimo e investir maciçamente na transição energética e em programas sociais.
Embora não haja consenso interno no bloco, a tendência é de não abrir o Tesouro para apoiar a Ucrânia na guerra contra a Rússia, além de defender imediatamente a criação de um Estado palestino.
Macron, antes de convocar novas eleições, prometeu dar mais 2 bilhões de euros de ajuda a Kiev.
VETO DO REI
Jean-Luc Melénchon, o principal líder do França Insuibmissa, reagiu à carta de Macron:
Único no mundo democrático: o presidente recusa-se a reconhecer o resultado das eleições que colocaram a Nova Frente Popular na liderança em votos e assentos no Parlamento. É o regresso do veto real ao sufrágio universal.
O ministro do Interior do governo, deputado reeleito Gérald Darmanin, está tentando formar uma coalizão que permita ao bloco de Macron governar em aliança com o Partido Republicano.
Seria um bloco de centro-direita. Teria cerca de 240 votos no Parlamento, 49 a menos que a maioria absoluta.
Isso exigiria um acordo com a extrema-direita de Marine Le Pen para evitar que o partido dela se junte à esquerda em eventual voto de censura para derrubar o governo.