Em nota divulgada nesta sexta-feira (2) pelo Ministério de Relações Exteriores, o governo Nicolás Maduro classificou como "ridículas" as declarações atribuídas ao Secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, de que o candidato oposicionista, "Edmundo González Urrutia foi o vencedor das eleições presidenciais de 28 de julho na Venezuela".
"A Venezuela rejeita as graves, e ainda mais ridículas, declarações atribuídas ao Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, nas quais pretende assumir o papel do Poder Eleitoral Venezuelano, demonstrando que o Governo dos Estados Unidos está à frente do Golpe de Estado que se pretende contra a Venezuela, promovendo uma agenda violenta contra o povo venezuelano e as suas instituições", diz o texto divulgado pelo chanceler Yvan Gil na rede X.
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No texto, a chancelaria venezuelana ainda denuncia à comunidade internacional, governos e movimentos sociais de todo o mundo uma "perversa manobra, empregando a mentira e a manipulação, através dos grandes poderes de comunicação global, incluindo o uso de redes sociais, para gerar uma narrativa falsa, que causa violência nas ruas, executada por grupos criminosos e organizações fascistas chamadas 'comanditos', que estão causando terror na população".
"O governo dos Estados Unidos tem tentado sem êxito, durante 25 anos, derrubar o governo bolivariano, mas não conseguiram, nem conseguirão, todas as tentativas sucumbiram diante de um povo que, com dignidade, luta dia a dia, construindo um caminho para o progresso, derrotando agressões e sanções criminosas", segue o texto.
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O governo Maduro ainda diz seguir o caminho traçado pelo líder da revolução, comandante Hugo Chávez, morto em 2013, para enfrentar as ameaças do imperialismo.
"Parafraseando o libertador Simón Bolívar: 'felizmente se vê com frequência um punhado de homens e mulheres livres vencer impérios poderosos'. Venceremos", conclui.
Atas
Na nota atribuída à Anthony Blinken, divulgada na noite desta quinta-feira (1º), o governo dos EUA diz que reconhece a vitória eleitoral de Edmundo González Urrutia sem, no entanto, ter acesso aos dados das eleições na Venezuela.
No texto divulgado pelo Departamento de Estado, a administração de Joe Biden elogia a participação massiva dos venezuelanos no pleito eleitoral "apesar dos grandes desafios enfrentados" e destaca a importância do direito ao voto, "um pilar fundamental em qualquer democracia".
No entanto, diz a nota, a gestão dos votos e o anúncio dos resultados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), sob controle de Nicolás Maduro, foram marcados por falhas graves, comprometendo a representatividade do resultado anunciado.
"A rápida declaração do CNE, nomeando Nicolás Maduro como vencedor das eleições presidenciais, ocorreu sem evidências que a sustentassem. Até o momento, o CNE não publicou os dados desagregados ou quaisquer folhas de totalização dos votos, apesar dos repetidos apelos dos venezuelanos e da comunidade internacional para que o fizesse", diz a nota.
O texto afirma que a rápida proclamação de Maduro como vencedor, sem a divulgação de provas ou dados detalhados dos votos, foi questionada por observadores internacionais, incluindo a missão independente do Centro Carter, que apontou irregularidades significativas e a falta de credibilidade do processo.
Em contrapartida, a oposição democrática divulgou mais de 80% das atas de totalização, indicando que Urrutia, na avaliação dos EUA, obteve a maioria dos votos por uma margem significativa, fato corroborado por observadores independentes e pesquisas de saída.
"Diante das evidências contundentes, é claro para os Estados Unidos e, mais importante, para o povo venezuelano, que Edmundo González Urrutia foi o vencedor das eleições presidenciais de 28 de julho na Venezuela", afirma o documento.
Os EUA também reafirmam na nota o apoio ao restabelecimento das normas democráticas na Venezuela e instam ao início de discussões sobre uma transição pacífica e respeitosa, alinhada com a lei eleitoral venezuelana e a vontade do povo venezuelano.
Confira a nota na íntegra
Os Estados Unidos parabenizam o povo venezuelano por sua participação nas eleições presidenciais de 28 de julho, apesar dos significativos desafios enfrentados. Cerca de 12 milhões de venezuelanos foram às urnas de forma pacífica para exercer um dos direitos mais fundamentais em qualquer democracia: o direito ao voto. No entanto, o processo de contagem dos votos e o anúncio dos resultados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) controlado por Maduro foram profundamente falhos, resultando em um desfecho que não reflete a vontade do povo venezuelano.
A rápida declaração do CNE, nomeando Nicolás Maduro como vencedor das eleições presidenciais, ocorreu sem evidências que a sustentassem. Até o momento, o CNE não publicou os dados desagregados ou quaisquer folhas de totalização dos votos, apesar dos repetidos apelos dos venezuelanos e da comunidade internacional para que o fizesse. Conforme reportado pela missão de observação independente do Centro Carter, a falha do CNE em fornecer os resultados oficiais a nível de seção eleitoral, juntamente com irregularidades durante o processo eleitoral, descredibilizaram completamente o resultado anunciado pelo CNE.
Por outro lado, a oposição democrática publicou mais de 80% das folhas de totalização recebidas diretamente das estações de votação em toda a Venezuela. Essas folhas indicam que Edmundo González Urrutia recebeu a maioria dos votos nesta eleição por uma margem intransponível. Observadores independentes corroboraram esses fatos, e esse resultado também foi suportado por pesquisas de saída e contagens rápidas no dia da eleição. Nos dias subsequentes à eleição, consultamos amplamente com parceiros e aliados ao redor do mundo e, embora os países tenham adotado diferentes abordagens em resposta, nenhum concluiu que Nicolás Maduro recebeu a maioria dos votos nesta eleição.
Diante das evidências contundentes, é claro para os Estados Unidos e, mais importante, para o povo venezuelano, que Edmundo González Urrutia foi o vencedor das eleições presidenciais de 28 de julho na Venezuela.
Além disso, os Estados Unidos rejeitam as alegações infundadas de Maduro contra líderes da oposição. As ameaças de Maduro e de seus representantes de prender líderes da oposição, incluindo Edmundo González e María Corina Machado, representam uma tentativa antidemocrática de reprimir a participação política e manter o poder. A segurança dos líderes e membros da oposição democrática deve ser protegida. Todos os venezuelanos presos enquanto exerciam pacificamente seu direito de participar do processo eleitoral ou de exigir transparência na tabulação e anúncio dos resultados devem ser imediatamente libertados. As forças de segurança não devem se tornar instrumentos de violência política contra cidadãos que exercem seus direitos democráticos.
Parabenizamos Edmundo González Urrutia por sua campanha bem-sucedida. Agora é o momento para as partes venezuelanas iniciarem discussões sobre uma transição respeitosa e pacífica, de acordo com a lei eleitoral venezuelana e os desejos do povo venezuelano. Apoiamos plenamente o processo de restabelecimento das normas democráticas na Venezuela e estamos prontos para considerar formas de reforçá-lo em conjunto com nossos parceiros internacionais.