O presidente argentino Javier Milei agradeceu ao governo brasileiro, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva, por ter assumido o comando da embaixada da Argentina na Venezuela. Desafeto de Lula, Milei não mencionou diretamente o presidente brasileiro ao expressar sua gratidão, limitando-se a agradecer "ao Brasil" através de uma publicação nas redes sociais nesta quinta-feira (1º).
"OBRIGADO AO BRASIL. Agradeço muito a disposição do Brasil em assumir a custódia da Embaixada da Argentina na Venezuela. Agradecemos também a representação momentânea dos interesses da República Argentina e dos seus cidadãos ali. Hoje o pessoal diplomático argentino teve que deixar a Venezuela em retaliação do ditador Maduro pela nossa condenação da fraude que perpetraram no domingo passado", escreveu Milei.
"Os laços de amizade que unem a Argentina ao Brasil são muito fortes e históricos", prosseguiu o presidente argentino.
Confira:
Apesar de falar sobre "laços de amizade" entre os países, Milei, no início de julho, se recusou a participar da cúpula do Mercosul no Paraguai para vir ao Brasil. Em vez de se reunir com o presidente brasileiro, entretanto, decidiu participar de um evento da extrema direita com Jair Bolsonaro em Santa Catarina.
Brasil assume controle da embaixada argentina; entenda
Apesar dos constantes ataques do presidente argentino Javier Milei ao mandatário brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil atendeu um apelo feito pelo Ministério das Relações Exteriores da Argentina e vai assumir o comando da embaixada do país na Venezuela.
A embaixada argentina em Caracas foi fechada após o presidente venezuelano Nicolás Maduro expulsar do país o corpo diplomático de países que não reconheceram sua vitória na eleição presidencial do último domingo (28). Ao assumir o prédio da representação argentina na Venezuela, o Brasil ficará responsável por cuidar do imóvel, documentos, arquivos e prestar serviços consulares ao cidadãos argentinos no país.
Além disso, o Brasil deve garantir a proteção de seis venezuelanos opositores ao governo Maduro, membros da equipe da líder opositora Maria Corina Machado, que alegam "perseguição" e que estão vivendo em asilo na embaixada da Argentina sob a proteção do governo Milei.
O ex-chanceler brasileiro Celso Amorim, atual assessor especial para assuntos internacionais do presidente Lula, teria pedido a Maduro, em reunião com o presidente venezuelano, para que não ordene uma invasão à embaixada argentina e prisão dos opositores.
Através das redes sociais, Maria Corina Machado agradeceu ao governo brasileiro por ter aceitado assumir a custódia da embaixada argentina.
"Agradecemos ao governo do Brasil pela disposição em assumir a representação diplomática e consular da República Argentina na Venezuela, e a proteção de sua sede e residência, bem como a integridade física de nossos colegas asilados na referida residência. Isto poderia contribuir para o avanço de um processo de negociação construtivo e eficaz como o que o Brasil tem apoiado", escreveu a líder opositora.
A previsão é que ainda nesta quinta-feira (1) a bandeira brasileira seja hasteada no prédio da embaixada da Argentina em Caracas. O Brasil deve, ainda, assumir também o comando da embaixada do Peru, cujo corpo diplomático também foi expulso do país pelo governo Maduro.