"O presidente Biden disse a um aliado importante que sabe que pode não ser capaz de salvar sua candidatura se não conseguir convencer o público nos próximos dias de que está pronto para o cargo, após um desempenho desastroso no debate na semana passada".
A frase, que abre uma reportagem do New York Times assinada pela correspondente na Casa Branca, Katie Rogers, causou comoção e foi rapidamente desmentida por Andrew Bates, porta-voz do governo, como "absolutamente falsa".
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O Times, é importante frisar, manifestou-se em editorial pela desistência de Joe Biden, assim como vários colunistas.
Porém, a rede CNN trouxe o depoimento de uma segunda fonte anônima que, em linhas gerais, confirmou o que disse o diário de Nova York, bastião liberal dos EUA:
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O presidente Joe Biden reconheceu em particular que os próximos dias são críticos para saber se ele conseguirá salvar sua candidatura à reeleição para presidente, deixando claro a um aliado na terça-feira que ele entende o que o levaria a aceitar [a desistência]: “Simplesmente não está funcionando”.
CANSAÇO DE VIAGEM?
De acordo com a emissora, Biden está de olho em três variáveis: queda na arrecadação de campanha, queda nas pesquisas e novos episódios embaraçosos em aparições públicas.
O presidente culpou as viagens à França e à Itália pelo cansaço mental que demonstrou no debate, dizendo que "quase dormiu" durante o enfrentamento com Donald Trump.
Trata-se, obviamente, de uma tentativa de afirmar que foi algo episódico, que não vai se repetir.
Uma porta-voz da Casa Branca chegou a atribuir os vídeos que circulavam na internet, antes do debate, mostrando Biden em estado de confusão mental, à inteligência artificial.
Não eram, o que ficou claro no debate.
A pesquisa mais recente bancada pela CNN mostra Trump com seis pontos de vantagem sobre o presidente: 49% a 43%.
O levantamento demonstrou que, entre democratas, 56% acreditam que o partido tem mais chance de manter o controle da Casa Branca se o candidato não for Biden.
A Reuters, citando fontes do alto escalão democrata, diz que a vice Kamala Harris seria a substituta natural de Biden, uma vez que pode herdar tantos os delegados na Convenção do partido quanto o dinheiro e a infraestrutura da campanha do presidente sem qualquer imbroglio político ou legal.
Outro ponto mencionado pela agência:
Em uma pesquisa Reuters/Ipsos publicada na terça-feira, Kamala ficou atrás de Trump por um ponto percentual, 42% a 43%, uma diferença que estava dentro da margem de erro de 3,5 pontos percentuais da pesquisa, um resultado estatisticamente tão forte quanto o de Biden.
Além disso, Harris ofereceria a Biden uma saída confortável, "de continuidade" governamental, garantindo eventuais acordos de bastidor para manter a influência do presidente em um futuro governo.
Para o cargo de vice existem várias alternativas, dentre as quais se destaca Andy Beshear, de apenas 46 anos de idade, o democrata que conseguiu vencer num estado tradicionalmente republicano, o Kentucky.
Kamala Harris, de 59 anos, foi senadora pela California e é a primeira mulher negra a ocupar a vice-presidência.
Apesar do favoritismo atual de Trump, Harris teria a vantagem de argumentar que, diante de recente decisão da Suprema Corte sobre imunidade presidencial, os eleitores devem negar o retorno do republicano à Casa Branca para evitar "uma ditadura".
Porém, como o próprio New York Times frisou:
Vários aliados de Biden enfatizaram que ele ainda está na luta por sua vida política e vê este momento como uma chance de dar a volta por cima, como fez muitas vezes ao longo de sua carreira de meio século.