O presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, recebeu uma enxurrada de críticas depois de sugerir que o sistema eleitoral da Venezuela é superior ao da Colômbia, Brasil e Estados Unidos por fazer uma auditoria "a quente" dos resultados.
Isso significa que uma recontagem pública é feita antes mesmo do anúncio dos resultados.
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O sistema de votação venezuelano incorpora votação eletrônica à impressão de um canhoto que o eleitor coloca em uma urna ao lado da máquina de votação.
O eleitor confere se o voto que ele deu na urna eletrônica é o mesmo que aparece no papel impresso.
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Os resultados são computados rapidamente.
No próximo domingo, a expectativa é de que os resultados da eleição presidencial da Venezuela sejam comunicados por volta das 22 horas pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), com ao menos 90% da apuração concluída.
RECONTAGEM DE 54% DO TOTAL
O diferencial na Venezuela é que a auditoria pública abrange até 54% do total de votos e acontece logo depois de fechadas as sessões eleitorais, com a presença de representantes dos partidos e de observadores independentes.
Pelas regras locais, se a sessão tem uma única urna, esta é auditada; se forem de duas a três, uma é auditada; quatro a cinco, duas; sete a oito, três auditadas; oito a nove, quatro; dez ou mais, cinco urnas auditadas.
A recontagem começa assim que a votação é encerrada naquele colégio eleitoral.
É feito um sorteio público para definir quais urnas serão conferidas.
Nas urnas sorteadas, os votos impressos são chamados em voz alta, publicamente, para conferir se os resultados batem com aqueles que foram apurados de forma eletrônica e enviados ao CNE.
Eventuais discrepâncias podem abrir uma disputa sobre os votos daquela urna, a partir da ação de representantes de partidos.
REFERENDOS REVOGATÓRIOS
O sistema da Venezuela foi desenvolvido pela Smartmatic, que se apresenta como "líder mundial em tecnologia eleitoral", mas é gerenciado pelo CNE, o equivalente venezuelano do TSE.
Trata-se do voter verifiable paper audit trail (VVPAT), voto verificável através de auditoria de trilha do papel. De acordo com a empresa, é o padrão internacional
A Smartmatic já colaborou com o TSE brasileiro na transmissão de dados, mas diferentemente do que acusaram apoiadores de Jair Bolsonaro, jamais teve acesso ou manipulou o programa utilizado pelas urnas eletrônicas brasileiras.
Baseada no Reino Unido, a empresa começou a fornecer equipamento para a Venezuela antes do referendo revogatório de 2004.
Pela Constituição venezuelana, depois que um membro do Executivo completa metade do mandato, pode ser alvo de um referendo que revoga ou não seu mandato, desde que os autores do pedido consigam assinaturas do equivalente a 3% dos eleitores de um estado ou de 20% do eleitorado nacional, no caso do presidente.
Chávez, depois de derrotar um golpe que tentou apeá-lo do poder em 2002, foi alvo de um referendo revogatório, mas permaneceu no poder ao obter 59% dos votos pela sua permanência no Palácio Miraflores.