Nicolás Maduro, o presidente da Venezuela, respondeu às críticas do presidente Lula (PT) nesta terça-feira (23) durante um discurso proferido no âmbito da sua campanha à reeleição. O mandatário brasileiro tinha questionado uma declaração do venezuelano, em que disse que pode haver um “banho de sangue” no país caso a oposição vença as eleições marcadas para o próximo domingo (28).
“O destino da Venezuela, no século 21, depende da nossa vitória em 28 de julho. Se não querem que a Venezuela caia num banho de sangue, numa guerra civil fratricida, produto dos fascistas, garantimos o maior sucesso, a maior vitória na história eleitoral do nosso povo”, disse Maduro em ato de campanha na última semana.
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Em conversa com jornalistas estrangeiros no Palácio da Alvorada logo após a declaração polêmica de Maduro, Lula informou que decidiu enviar seu assessor especial para assuntos internacionais, Celso Amorim, a Caracas para acompanhar o pleito. Além de Amorim, o Brasil enviará observadores internacionais.
Lula deixou claro que espera que Maduro, caso perca a eleição, respeite os Acordos de Barbados, que prevêem a plena participação da oposição venezuelana na eleição e o reconhecimento do resultado por todos os candidatos.
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"Eu fiquei assustado com a declaração do Maduro dizendo que, se ele perder as eleições, vai ter um banho de sangue. Quem perde as eleições toma um banho de voto. O Maduro tem que aprender, quando você ganha, você fica; quando você perde, você vai embora", afirmou Lula, segundo a agência Reuters.
Em sua resposta, Maduro usou da ironia que lhe é peculiar. “Quem se assustou que tome um chá de camomila”, começou.
“Eu não disse mentiras. Apenas fiz uma reflexão. (...) Na Venezuela vai triunfar a paz, o poder popular, a união cívico-militar-policial perfeita”, completou.
Maduro aponta que sua fala não foi feita no sentido de ameaçar a oposição. Ele recorre ao Caracazo, episódio ocorrido em 27 e 28 de fevereiro de 1989, para justificar o argumento. Tratava-se de um movimento popular organizado contra as políticas liberais do então presidente Carlos Andrés Pérez que foi massacrado pelas forças de segurança, resultando em 396 mortos.
“Eu disse que se a extrema direita chegasse ao poder na Venezuela haveria um banho de sangue. E não é que eu esteja inventando, já vivemos isso antes, em 27 e 28 de fevereiro”, explicou.
Em nota enviada à imprensa nesta noite, o Itamaraty disse que não vai comentar as novas declarações do mandatário venezuelano.