A Divisão de População da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou nesta quinta-feira (11) as novas projeções demográficas da humanidade para o ano 2100. Os dados incluem todos os países e regiões do mundo e têm incorporados os efeitos da pandemia de Covid-19 sobre as dinâmicas populacionais globais.
O levantamento era aguardado mundialmente uma vez que conhecer os possíveis cenários demográficos é essencial para a elaboração de políticas públicas na mais diversas áreas. E a ONU confirmou a tendência que já se apresentava em 2022 de redução no ritmo de crescimento da população global, com possível decrescimento populacional nas duas últimas décadas do século XXI.
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Em 1950 a população mundial era avaliada em 2,47 bilhões de pessoas. Cinquenta anos depois, em 2000, estava em 6,1 bilhões e hoje em cerca de 8 bilhões. Segundo os dados da ONU, o pico populacional deve ser atingido em 2084 com 10,3 bilhões de pessoas. Nos anos seguintes, até a virada do século, a população mundial deverá diminuir em cerca de 100 milhões de habitantes.
Segundo as projeções esse decrescimento será causado não pelo aumento da mortalidade decorrente de doenças, guerras, fome e violência, mas pela redução da fertilidade da população. E essa tendência já é verificada se olharmos em perspectiva.
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Em 1950 a taxa de fecundidade total (TFT) estava em 5 filhos por mulher e a expectativa de vida em 50 anos. Nascia mais gente, mas também morria mais gente. Ao longo da segunda metade do século XX ocorreu a chamada “transição demográfica” e essa lógica começou a mudar. Em 2019, por exemplo, a expectativa de vida global estava em 72,6 anos e só caiu para 70,9 anos em 2021 por conta da pandemia. Em 2100 deverá estar em 81,7 anos. Já a quantidade de filhos por mulher, que está em 2,25 em 2023, deve diminuir para 2,1 em 2050 e 1,84 em 2100.
No Brasil
O Brasil da década de 1950 e 1960 apresentava uma TFT superior a 6 filhos por mulher e a expectativa em torno de 50 anos, na média global. No entanto, nas décadas seguintes o Brasil viveu uma “transição demográfica tardia e muito rápida”, como apontou José Eustáquio Diniz Alves, doutor em demografia pela UFMG e pesquisador aposentado do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em artigo publicado em seu site, o Projeto Colabora.
Após essa rápida e tardia transição, a expectativa de vida subiu para 75,8 anos em 2019 e só caiu para 73 em 2021 por conta da pandemia, retornando ao patamar anterior em 2023: 75,85 anos. De acordo com a projeção, essa cifra irá alcançar os 86,8 anos em 2100.
Já a taxa de fecundidade total saiu de mais de seis filhos por mulher nos anos 50 para 2 em 2023. A tendência é que antes de 2100 caia para 1,6.
As projeções apontam que a população brasileira atingirá seu ápice em 2042, quando começará a decrescer por conta da dinâmica acima descrita. Na virada para o próximo século estima-se que 40% da população terá mais de 60 anos.