Nesta quarta-feira (19), o governador da Louisiana, Jeff Landry, sancionou uma lei que obriga que todas as salas de aula no estado exibam os Dez Mandamentos da Bíblia.
Segundo o texto, está determinada a exibição de um cartaz com o texto bíblico, em "fonte grande e facilmente legível", em todas as salas de aula públicas, desde o jardim de infância até as universidades financiadas pelo estado.
Te podría interesar
A medida está sendo duramente criticada por ferir a laicidade do estado. Vale lembrar que a Louisiana faz parte do Deep South (Sul Profundo), uma das regiões mais conservadoras dos EUA.
A lei será obviamente questionada na justiça e na Suprema Corte dos Estados Unidos, mas Landry tem confiança de que irá vencer a ação nos tribunais.
Te podría interesar
"Estou indo para casa assinar um projeto de lei que coloca os Dez Mandamentos nas salas de aula públicas. E mal posso esperar para ser processado", disse o republicano trumpista.
A medida deve ser implementada por todas as escolas públicas até 1º de janeiro de 2025. Projetos de lei semelhantes foram propostos em outros estados, incluindo Texas, Oklahoma e Utah, mas nenhum foi promulgado devido a preocupações sobre questões de constitucionalidade.
O projeto do Evangelistão dos EUA é imitado no Brasil
A primeira cruzada dos conservadores nos EUA foi contra os livros com temática LGBTQIA+ em escolas. Depois, contra os direitos de pessoas trans em esportes escolares. O mesmo vale para a batalha contra o uso do gênero neutro no vocabulário.
No ano passado, o Departamento de Educação do estado da Flórida baniu mais de 50 livros de matemática usados pelos distritos escolares porque o conteúdo das obras tem por base a teoria racial e foram classificados como "tópicos proibidos".
Neste ano, a Secretaria Estadual de Educação (Seed) do Paraná, governada por Ratinho Júnior (PSD-PR), determinou a retirada do livro 'O Avesso da Pele', de Jeferson Tenório, das bibliotecas das escolas estaduais de ensino médio.
A decisão foi replicada pelos governadores do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSD), e Goiás, Ronaldo Caiado (UB).
Um dos principais instrumentos da doutrinação religiosa nos EUA é a prática de homeschooling, largamente defendida pela bancada evangélica e bolsonarista no Brasil.
Em 2019, a então ministra Damares Alves, atual senadora pelo Republicanos-DF, chegou a tentar passar uma medida provisória para legalizar a prática no Brasil.
Se o caso da Louisiana ganhar força, certamente será replicado de maneira enfática pela bancada evangélica, a mesma que propôs o PL do Estupro.
No Brasil, uma série de propostas - antigas e mais recentes - tratam da inclusão obrigatória da Bíblia nas escolas ou em bibliotecas públicas. Desde 1997, a bancada evangélica tenta uma medida deste tipo.
A mais recente é de autoria de Cabo Daciolo, o PL 9164/2017, que busca "incluir 'Estudo da Bíblia Sagrada' como disciplina obrigatória no currículo do ensino fundamental e médio do Brasil".
Em novembro do ano passado, a Câmara Municipal de Manaus aprovou uma lei que autorizava o uso da Bíblia como recurso paradidático nas escolas públicas da cidade.
A realidade é que o projeto ultrarreligioso do Brasil possui muitas similaridades com o proposto nos EUA. O projeto de teocracia evangélico brasileiro se inspira fortemente nos EUA.