Um católico de familia irlandesa, de Scranton, na Pensilvânia, pode tirar proveito da campanha contra o aborto nos Estados Unidos para se reeleger.
Scranton, mais conhecida como sede da série The Office, na sua versão estadunidense, não é a cidade mais progressista do país.
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Seu filho mais famoso, o presidente Joe Biden, já teve uma posição altamente ambígua em relação ao aborto.
Porém, o ímpeto extremista para defender os fetos e mesmo os óvulos fertilizados, como se fossem crianças plenas de direitos, está oferecendo a Biden uma oportunidade, na difícil tentativa de se reeleger em 2024.
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O aborto e os direitos contraceptivos e reprodutivos das mulheres estão no centro da campanha de Joe Biden, depois que a Suprema Corte dos Estados Unidos derrubou a histórica decisão de Roe vs. Wade, de 1973, que sustentava o direito ao aborto em todo o país.
REAÇÃO AO EXTREMISMO
Entusiasmados com a decisão, os extremistas anti-aborto passaram a aprovar leis estaduais contra a medida. Hoje, 21 estados, especialmente do chamado Cinturão da Bíblia, proibiram o aborto ou aprovaram restrições ao procedimento.
O Senado, de maioria republicana, recentemente bloqueou um projeto de uma democrata que pretendia proteger a inseminação in vitro, condenada pelos conservadores por causa do descarte de embriões.
A Southern Baptist Convention, influente organização protestante do Sul dos Estados Unidos, recentemente oficializou sua posição contra a inseminação.
Em fevereiro deste ano, a Suprema Corte do Alabama, que é formada por juizes eleitos, todos republicanos, decidiu que os embriões congelados têm direitos equivalentes aos de uma criança.
Rapidamente, o candidato Donald Trump reagiu, temendo perder os votos não só das mulheres, mas de muitas famílias:
Sob a minha liderança, o Partido Republicano sempre apoiará a criação de famílias americanas fortes, prósperas e saudáveis. Queremos tornar mais fácil para mães e pais terem filhos, e não mais difícil!
Condenado em Nova York por tentar esconder do público o pagamento de propina a uma atriz com a qual teve um caso, antes da campanha de 2016, Trump pode ser derrotado este ano pelo voto feminino.
PÍLULA DO DIA SEGUINTE
Num caso recente, a Suprema Corte rejeitou por 9 a 0 decisão de tribunal inferior limitando o acesso à pílula do dia seguinte, outra batalha impulsionada por extremistas.
Eles pretendem que a Food and Drug Administration, que regula drogas nos EUA, volte atrás na sua aprovação da mifepristone, que é usada em 60% dos casos de interrupção de gravidez.
Joe Biden tirou proveito da decisão para marcar posição:
Isso não muda o fato de que a Suprema Corte anulou Roe v. Wade há dois anos, e as mulheres perderam uma liberdade fundamental. Não muda o fato de que o direito de uma mulher receber o tratamento de que necessita está em perigo, se não se tornou impossível, em muitos estados.
Não deixa de ser curiosa a clara mudança de posição do presidente Biden em relação ao senador Biden, de olho nos votos que podem reconduzí-lo à Casa Branca em novembro.