Em nota divulgada pelo Itamaraty nesta quarta-feira (12), o governo Lula "saúda a adoção da Resolução 2735 (2024) pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre plano de cessar-fogo em Gaza" e apela por um plano de paz com um estado palestino com a capital em Jerusalém Oriental.
"Ao reconhecer o papel a ser desempenhado por Catar, Egito e Estados Unidos com vistas a possibilitar a implementação da fase 1 do acordo, o Governo brasileiro apela a toda a comunidade internacional para que apoie esforços que visem a dar fim a esse trágico conflito e que contribuam para estabelecer a paz na região, com base na solução de dois estados, com um Estado da Palestina independente e viável convivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança, dentro das fronteiras de 1967, o que inclui a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como sua capital", diz o texto.
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A posição contraria o governo sionista de Benjamin Netanyahu, que há anos defende a ideia de que Jerusalém não será jamais capital da Palestina.
"Minha visão é baseada na história. Jerusalém é a capital de Israel há 3 mil anos, desde o rei Davi. Nossa capital não tem como ser em outro lugar", afirmou Netanyahu em entrevista ao Jornal Nacional em 2018.
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Em fevereiro, o presidente sionista propôs um plano para a região dizendo que Israel não aceita a solução de dois estados.
A proposta de Netanyahu incluía ainda a "desmilitarização completa" de Gaza, novas administrações para a vida civil e do sistema educacional no território palestino e o fechamento da fronteira com o Egito, via a cidade de Rafah. Tudo supervisionado pelo governo israelense.
O plano foi rechaçado até pelos EUA, de Joe Biden, e foi duramente criticado por Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina.
"Se o mundo quer segurança e estabilidade na região, deve acabar com a ocupação israelita dos territórios palestinos e reconhecer o Estado palestino independente com Jerusalém como a sua capital", disse um porta-voz de Abbas.
Crimes contra a humanidade
Nesta quarta-feira (12), uma comissão de investigação da ONU afirmou que Israel cometeu "crimes contra a humanidade de extermínio; assassinato; perseguição de gênero contra homens e meninos palestinos; transferências forçadas, atos de tortura e tratamentos desumanos e cruéis"
Segundo os investigadores da ONU, Israel e sete "grupos armados palestinos", incluindo o Hamas, cometeram "crimes de guerra".
"É imperativo que todos os que cometeram crimes sejam responsabilizados", afirmou a presidente da comissão, a sul-africana Navi Pillay, em um comunicado.
"A única maneira de acabar com os ciclos recorrentes de violência, incluindo as agressões e as represálias das duas partes, é garantir o respeito estrito do direito internacional", acrescentou Pillay.
Pillay pediu a Israel o "fim imediato das operações militares e ataques em Gaza, incluindo o ataque a Rafah".
Ela também pediu ao Hamas e aos grupos armados palestinos que "interrompam imediatamente os lançamentos de foguetes e libertem todos os reféns". "A tomada de reféns constitui um crime de guerra", acrescentou.