Na última segunda-feira (22), funcionários da Defesa Civil de Gaza descobriram que o exército de Israel, após ocupar o Hospital Nasser, deixou para trás quase 300 corpos com marcas de tortura em valas comuns. Nesta terça (23), o Alto Comissário para os Direitos Humanos da ONU, Volker Turk, se disse horrorizado com a descoberta.
Yamen Abu Suleiman, o diretor da Defesa Civil de Gaza, deu maiores detalhes da descoberta dos corpos à CNN. Para além das marcas de tortura, também afirmou que não é possível determinar se foram enterrados vivos ou mortos pelos israelenses. Os corpos ainda foram encontrados em estado de decomposição avançado, o que dificultou a identificação das vítimas.
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Para além do fato de que a potência invasora esteve ocupando um dos principais hospitais do enclave palestino, o episódio gerou comoção na vizinhança. Logo após a descoberta da vala comum, relatou Suleiman, moradores se aglomeraram diante da escavação em busca de parentes que estariam desaparecidos há mais de um mês.
Além do Hospital Nasser, que fica em Khan Younis no sul da Faixa de Gaza, outro importante hospital da região, o Al-Shifa, também esteve ocupado pelos soldados de Israel e teve sua própria vala comum descoberta na última semana.
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“Recuperamos 283 corpos de mártires da vala comum no pátio do Complexo Médico Nasser desde a retirada do Exército de Israel no início do mês”, declarou Suleiman à CNN. A Defesa Civil acredita que ainda existam 2 mil pessoas desaparecidas em Khan Younis.
A carnificina nos hospitais ocorrida em março foi justificada pelo Estado de Israel com base em informações do seu serviço secreto de que o Hamas manteria, dentro das instituições hospitalares, alguns dos reféns israelenses sequestrados em outubro passado. De acordo com o partido islâmico-palestino que governa Gaza desde 2007 após ser eleito, a “ocupação israelense transformou o hospital em base militar”.
Nesta terça-feira a ONU realizou uma sessão informativa na qual o porta-voz do Alto Comissariado para os Direitos Humanos se pronunciou sobre o episódio. Na ocasião, Volker Turk exigiu “investigações independentes e eficazes” e falou em “clima de impunidade” para as forças israelenses para pedir a participação de investigadores internacionais.
Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado, ainda acrescentou que havia crianças, mulheres e idosos entre os corpos e que as vítimas chegaram a ser desenterradas pelos israelenses e que, ao serem enterradas pela segunda vez, foram cobertas com lixo. Mahmund Basal, porta-voz da Defesa Civil de Gaza, aponta que as descobertas evidenciam que as vítimas sofreram torturas. A IDF (Israel Defense Forces), por sua vez, afirma que desenterrou os corpos em busca dos reféns que supostamente estariam mantidos no hospital.
*Com informações da AFP e da imprensa internacional.