O Estado Islâmico, grupo terrorista formado na última década entre os escombros da guerra civil da Síria e da invasão dos EUA ao Iraque, usou o Telegram nesta sexta-feira (22) para assumir o atentado que deixou pelo menos 40 mortos e 100 feridos no Crocus City Hall, uma famosa casa de shows de Moscou, na Rússia. A notícia foi confirmada pela agência Reuters.
A agência de notícias Tass, órgão de imprensa vinculado ao governo da Rússia, confirmou que a ação foi realizada por ao menos cinco homens vestidos com uniformes camuflados e portando fuzis automáticos. Esse foi o maior atentado terrorista realizado em território russo nos últimos 20 anos. E a prefeitura de Moscou suspendeu todas as atrações culturais da cidade no fim de semana e os órgãos de segurança pública e de Defesa reforçaram o patrulhamento no aeroporto moscovita e nas estações de trem e de ônibus da região metropolitana.
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Com duração entre 20 minutos e meia hora, o ataque contra os civis que aguardavam pela apresentação de um grupo chamado PikNik teve ainda o lançamento de granadas e bombas, que provocaram um incêndio de grandes proporções no topo do edifício. Vídeos e fotos registrados na frente do Crocus City Hall mostram uma densa coluna de fumaça negra. O fogo foi combatido, confirmam as autoridades de segurança de Moscou, por helicópteros com capacidade para transporte de grandes volumes de água.
De acordo com o The Washington Post os serviços de inteligência dos EUA já tinham recebido informações sobre a presença de um suposto braço do Estado Islâmico na Rússia. No dia 7 de março a Embaixada dos EUA em Moscou havia dito que terroristas tinham planos para atacar grandes aglomerações de pessoas na capital russa, inclusive em shows, e pedido para que cidadãos americanos na Rússia evitassem esses locais.
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O governo da Ucrânia afirma que não é o autor dos ataques. Enquanto isso, Henrique Rodrigues, o correspondente da Revista Fórum na Europa, explicou no Jornal da Fórum desta tarde as razões que possam ter levado o Estado Islâmico a atacar os russos. Para ele, há semelhanças entre esse ataque e o atentado contra o teatro Bataclan, em Paris, realizado pelo Estado Islâmico no final de 2015, quando o grupo vivia seu auge.
“Pelas imagens fica claro que são pessoas que receberam algum tipo de instrução militar ou paramilitar (...) Na guerra da Síria, para além das forças que queriam derrubar o regime de Bashar Al-Assad havia também um avanço do Estado Islâmico, que na Europa é chamado de Daesh. Esses avanços do Daesh foram contidos, assim como os avanços dos grupos que queriam derrubar o Assad, pelos russos. Foram rechaçados, ou seja, atacados militarmente pela Rússia, que teve um papel muito forte na guerra da Síria atacando esses grupos, pois fazia a defesa, geopoliticamente falando, do Assad. E foi uma defesa muito bem sucedida, pois ele segue no poder mesmo com uma forte campanha contrária a nível local e também em todo o Ocidente. Faz sentido que o Daesh ataque a Rússia por isso, mas me causa estranhamento um ataque tão grande”, analisou.
Como colocado pelo nosso correspondente, nem sempre quem assume a autoria é o autor, o que torna ainda prematura a confirmação da informação.