Nesta terça-feira (13), o governo venezuelano confirmou que irá sancionar aviões argentinos comerciais, privados e militares de passarem sobre o seu espaço aéreo.
A medida vai afetar duramente os trajetos entre Argentina e EUA, México, Caribe e países da América Central. Mas a medida não surge do nada.
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Tudo começou por conta de um avião da empresa venezuelana Emtrasur que foi barrado na Argentina. A aeronave estava em solo argentino desde o ano passado e foi investigada por ter supostos laços com a Guarda Revolucionária do Irã. Após investigações, nada foi comprovado.
Porém, após requisição dos EUA, o avião foi sequestrado pelo governo Milei e enviado aos Estados Unidos. O Boeing 747 cargueiro foi depenado por Washington, que alega que pode detê-lo por conta das sanções aplicadas contra o Irã.
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O governo Milei reclamou da retaliação venezuelana. “Isso faz parte de uma retaliação que a Venezuela tomou porque a Argentina aceitou a ordem de confiscar o avião da Emtrasur Cargo, ligado à Guarda Revolucionária Islâmica do Irã. A Argentina não se permitirá ser extorquida por amigos do terrorismo", disse o porta-voz da Casa Rosada.
Yvan Gil, ministro de Relações Exteriores da Venezuela, respondeu as declarações.
"O governo neonazista da Argentina não é apenas submisso e obediente ao seu mestre imperial, mas também tem um porta-voz cara de pau: o Sr. Manuel Adorni finge ignorar as consequências de seus atos de pirataria e roubo contra a Venezuela, que foram advertidos repetidamente antes do ato criminoso cometido contra a EMTRASUL. A Venezuela exerce plena soberania em seu espaço aéreo e reitera que nenhuma aeronave, proveniente ou com destino à Argentina, poderá sobrevoar nosso território", afirmou no Twitter.
A história do Boeing da Emtrasur
Em junho de 2022, um avião Boeing 747 300-M pousou na Argentina oriundo de um voo no México. Após apreensão por suspeição de terrorismo por conta de sua tripulação iraniana, ele ficou por quase dois anos no solo argentino.
Ele era da empresa iraniana Mahan Air e foi comprada pela Emtrasur, uma estatal venezuelana de carga. Por ser tripulado por iranianos e por ser adquirido de um país sancionado pelos EUA, o avião foi apreendido na Argentina.
O avião cargueiro não tinha relação alguma com o terrorismo e era utilizado, inclusive, para entrega de cargas humanitárias a países em África, além de Cuba e Suriname.
Washington decidiu aproveitar a leniência do governo Milei e pediu pela transferência do avião para a Flórida, o que o governo venezuelano denuncia como um sequestro de bens.
O Boeing já foi destruído e não terá como ser recuperado por Caracas, que exige uma indenização da Argentina pelo sequestro de um importante bem do estado venezuelano.