Um estudo realizado pelo Observatório da Dívida Social da Pontifícia Universidade Católica Argentina (UCA) mostra que a pobreza no país atingiu 57% da população nos primeiros meses deste ano após as medidas ultraliberais e radicalíssimas tomadas na esfera econômica pelo presidente de extrema direita Javier Milei.
A Argentina já vinha enfrentando longos anos de crise, com destacada devastação provocada por uma inflação galopante que só aumentava na última década. Milei se aproveitou desse cenário para posar de outsider e disruptivo, oferecendo aos eleitores uma "solução técnica" que envolveria "um coque econômico", bem ao estilo da máxima "o remédio é amargo, mas necessário". Eleito com facilidade, o presidente agora impõe um regime de morte à maioria dos argentinos.
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Os sucessivos cortes que visam reduzir o déficit público e segurar a inflamação, na prática apenas dão início a uma diminuição drástica do Estado, pondo fim aos subsídios no transporte e nos combustíveis e alimentando uma roda que surte efeito contrário, fazendo a inflamação subir ainda mais, o que levou o povo a viver em condições precárias, com o dinheiro desaparecendo e poder de compra sendo reduzido a quase nada.
“Após mais de duas décadas de vigência de um regime inflacionário, de empobrecimento e aumento dos programas sociais, ao que se soma um novo programa econômico de ajuste ortodoxo, a pobreza continua a aumentar apesar da assistência pública”, escreveu o perfil do Observatório da Dívida Social na rede 'X' (antigo Twitter).
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Apoio a Milei já está caindo
Eleito com mais de 55% dos votos, contra 44% do peronista Sergio Massa, Javier Milei chegou à Casa Rosada, de fato, com apoio popular. No entanto, com três meses de governo já colhe um desgaste monumental, com boa parte de seus eleitores reprovando suas medidas radicais e clamando por um retorno à política anterior.
As greves gerais e manifestações estridentes pelas ruas de várias cidades do país, sobretudo em Buenos Aires, uma metrópole caótica em que a pobreza cresce a olhos vistos em cada esquina, têm feito o extremista autointitulado ‘libertário’ recuar taticamente em alguns momentos, quando retirou para reanálise seus pacotaços e revogaços rejeitados pelo Congresso, que tinham por finalidade acentuar o desmonte do Estado e o corte de gastos a níveis que tornariam o país inabitável.