DITADURA

Milei usa polícia e fecha Télam, agência pública de notícias da Argentina

Em discurso ao Congresso, Milei afirmou que agência, que existe há 78 anos, “tem sido utilizada como meio de propaganda kirchnerista”. Funcionários foram impedidos de entrar na sede e dispensados por mensagem.

Javier Milei.Créditos: Mídia Ninja
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Dois dias após o anúncio no Congresso, o ultradireitista Javier Milei usou a polícia para fechar a agência pública de notícias Télam, criada há 78 anos para difundir informações sobre a Argentina - semelhante à Agência Brasil.

Durante a madrugada desta segunda-feira (4), carros de polícia cercaram a sede da agência em Buenos Aires para impedir que os mais de 700 funcionários entrassem para trabalhar. 

Na rede X, o jornalista Dante López Foresi, da Agência El Vigia, informou que os trabalhadores receberam uma mensagem do interventor nomeador por Milei, Diego Chaer, dizendo que todas os funcionários da agência foram dispensados pelo prazo de sete dias a contar das 23h59 deste domingo (3).

No discurso em que anunciou o fechamento da empresa pública, Milei alegou que a Télam  “tem sido utilizada como meio de propaganda kirchnerista”. O presidente argentino ainda não se pronunciou sobre o fechamento da agência.

Na manhã desta segunda-feira, o site da Télam está fora do ar, com um anúncio de que a página está "reconstrução".

Jornalistas ligados ao Sindicato da Imprensa de Buenos Aires divulgaram um vídeo em frente à sede da empresa mostrando imagens da polícia escoltando funcionários do governo erguem barricadas em frente à sede da Télam.

A Comisión Gremial Interna (CGI) da Télam, similar a uma comissão de funcionários, convocou uma assembleia geral para traçar como será o enfrentamento à decisão de Milei e "defesa irrestrita da Agência Nacional, da mídia pública e de todos os empregos". 

Em um comunicado conjunto publicado neste sábado (2), o Sindicato de Imprensa de Buenos Aires e a Federação Argentina de Trabalhadores de Imprensa lembraram que o material produzido pela Télam é utilizado por todos os meios de comunicação privados da Argentina.

"O fechamento não seria apenas ilegal, mas também ilegítimo. Seria um ataque a todo o sistema midiático, público e privado, ao pluralismo e ao federalismo. É através do sistema público de comunicação social que os cidadãos têm a garantia de receber, difundir e comunicar informações, de forma federal, plural, democrática,

Subordinada à Secretaria de Meios Públicos, a Télam foi criada em 1945 e é a única agência de notícias com correspondentes em todas as províncias argentinas. A agência tem cerca de 250 jornalistas e produz cerca de 500 matérias por dia.