Logo após se reunir com o presidente Lula (PT) nesta quarta-feira (21), Anthony Blinken, o secretário de Estado e chefe da diplomacia dos EUA, usou as redes sociais para dar uma forte declaração a respeito das relações entre o seu país e o Brasil.
E ao que parece, ao contrário do que alardeia a imprensa hereditária brasileira, as bicentenárias relações entre Brasil e Estados Unidos não foram abaladas pelo posicionamento firme de Lula diante da matança promovida por Israel na Faixa de Gaza.
Te podría interesar
“Encontrei-me com o presidente Lula antes da Reunião de Ministros das Relações Exteriores do G20. O Brasil é um parceiro chave em muitas questões, incluindo o combate à crise climática e o avanço dos direitos humanos e trabalhistas. À medida que nos aproximamos dos 200 anos de relações entre os EUA e o Brasil, nossos laços estão mais fortes do que nunca”, escreveu Blinken no X, antigo Twitter.
A reunião entre Lula e Blinken
A reunião entre os dois aconteceu horas atrás durante a cúpula da União Africana em Adis Abeba, na Etiópia. Foi no âmbito desse encontro que no último domingo (18) Lula comparou o atual massacre de palestinos na Faixa de Gaza, perpetrado pelo Estado de Israel chefiado por Benjamin Netanyahu, com o Holocausto que atingiu o povo judeu na Alemanha durante o regime nazista de Adolf Hitler.
Te podría interesar
A declaração é a principal notícia da semana no mundo inteiro. De lá pra cá, bolsonaristas afirmam que Lula causou isolamento do Brasil no cenário global e teria imputado uma crise diplomática após as declarações que irritaram Israel. Mas a reunião do representante dos EUA com o petista mostra exatamente o contrário.
LEIA TAMBÉM: DataFórum: Em inglês, menções positivas a discurso de Lula sobre Israel são 67%
O encontro durou quase duas horas e foi descrito como "ótimo" pelo secretário de Estado. "Foi ótima reunião. Sou muito grato ao presidente pelo seu tempo. Os Estados Unidos e o Brasil estão fazendo coisas muito importantes juntos, estamos trabalhando bilateralmente, regionalmente, mundialmente. É uma parceria muito importante e somos gratos pela amizade", afirmou Blinken.
Os EUA são o principal parceiro militar e político de Israel, mas não parecem ter se incomodado com a postura brasileira sobre a questão palestina.
Lula afirmou que discutiu com Blinken "a iniciativa pela melhoria da condição dos trabalhadores que lançamos com o presidente Biden, a proteção do meio ambiente, a transição energética, a ampliação dos laços de investimento e cooperação entre nossos países e sobre a paz na Ucrânia e em Gaza".
"Lula falou pelo Sul global e por parte dos cidadãos do Norte"
O levantamento do DataFórum está de acordo com a avaliação de Ualid Rabah, o presidente da Fepal (Federação Árabe-Palestina do Brasil). Em entrevista exclusiva à Fórum, em que divulgou números macabros das mortes de mulheres e crianças na Faixa de Gaza, Rabah afirmou que as críticas de Lula não representam apenas o Brasil, mas todo o Sul Global e parte dos cidadãos dos países do Norte que estão indignados com o morticínio.
"A fala de Lula é a do chamado Sul Global, dos BRICS, de todos os países do mundo que cansaram do unilateralismo dos EUA e da OTAN, de seus desmandos, de suas guerras bélicas e econômicas. China e Rússia, por exemplo, se sentem representadas por Lula em sua manifestação. Todo continente Africano. Todos os países árabes. Todos os países de maioria islâmica. E é a da esmagadora maioria da opinião pública do mundo, inclusive a dos cidadãos dos países cujos líderes apoiam o genocídio em curso. Lula falou por pelo menos 7,5 bilhões de habitantes deste planeta", declarou.