A repercussão da fala do presidente Lula (PT) que comparou o genocídio dos palestinos na Faixa de Gaza com o Holocausto foi majoritariamente positiva em publicações em inglês nas redes sociais, somando 67,6% das reações de internautas em postagens no Instagram e Facebook sobre o assunto.
É o que aponta levantamento exclusivo do DataFórum, da Revista Fórum, que analisou 361 postagens, 398.279 mil reações e 24.338 mil comentários a respeito da declaração de Lula em ambas as redes sociais. O pico de interações ocorreu na última segunda-feira (19), conforme aponta o gráfico abaixo.
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São consideradas como "positivas" as publicações que amplificam a voz de Lula na opinião pública internacional; como "negativas" as que tentam prejudicar a imagem internacional do presidente; e como "neutras" as que simplesmente reportam os fatos, sem maiores adjetivações ou opiniões.
O estudo mostra que as postagens positivas endossam as críticas do presidente às ações de Israel em Gaza. Já as postagens neutras, que somam 8,23% dos conteúdos analisados, apresentam a mera sucessão de fatos, com reproduções das falas de ambos os lados, sem adjetivação e sem manifestar opinião.
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Por sua vez, as 24,01% de publicações negativas ressaltam que as declarações de Lula provocaram uma reação forte de Israel, com o Ministro das Relações Exteriores do país, Israel Katz, declarando o presidente brasileiro como persona non grata até que ele retire seus comentários. Essas menções negativas, entretanto, ficaram, em sua maioria, a cargo de mídias israelenses e sites vinculados à extrema direita. Apesar de um número significativo de publicações, tiveram pouco engajamento,
Veja o gráfico:
Entre as publicações de maior alcance estão duas das contas oficiais da rede Al Jazeera English no Instagram. A televisão do Catar publicou notícias das falas de Lula durante a cúpula da União Africana e em reunião com o presidente el-Sisi, do Egito. As publicações tiveram, somadas, mais de 150 mil curtidas, 4500 comentários e mais de 160 mil reações. Entre os líderes de engajamento também figuram os sites TRT World, Middle East Eye, Middle East Monitor e o The New York Times.
De acordo com o DataFórum, a maioria das reações positivas estão atreladas a publicações em mídias especializadas em Oriente Médio ou devidamente situadas na região, como a própria Al Jazeera. Por sua vez, os meios de comunicação globais em língua inglesa, sites de grandes jornais e revistas dos EUA e países europeus, a repercussão também foi majoritariamente positiva.
"Lula falou pelo Sul global e por parte dos cidadãos do Norte"
O levantamento do DataFórum está de acordo com a avaliação de Ualid Rabah, o presidente da Fepal (Federação Árabe-Palestina do Brasil). Em entrevista exclusiva à Fórum, em que divulgou números macabros das mortes de mulheres e crianças na Faixa de Gaza, Rabah afirmou que as críticas de Lula não representam apenas o Brasil, mas todo o Sul Global e parte dos cidadãos dos países do Norte que estão indignados com o morticínio.
"A fala de Lula é a do chamado Sul Global, dos BRICS, de todos os países do mundo que cansaram do unilateralismo dos EUA e da OTAN, de seus desmandos, de suas guerras bélicas e econômicas. China e Rússia, por exemplo, se sentem representadas por Lula em sua manifestação. Todo continente Africano. Todos os países árabes. Todos os países de maioria islâmica. E é a da esmagadora maioria da opinião pública do mundo, inclusive a dos cidadãos dos países cujos líderes apoiam o genocídio em curso. Lula falou por pelo menos 7,5 bilhões de habitantes deste planeta", declarou.