Para o bem ou para o mal, a fala de Luiz Inácio Lula da Silva comparando o conflito em Gaza e a postura de Israel com o holocausto teve repercussão mundial. Segundo o ex-chanceler Celso Amorim, que é um dos conselheiros mais próximos do presidente brasileiro, ela teve efeitos positivos e pode até ajudar na solução do conflito.
"A fala do Lula sacudiu o mundo e desencadeou um movimento de emoções que pode ajudar a resolver uma questão que a frieza dos interesses políticos foi incapaz de solucionar", afirmou ele em mensagem enviada à coluna de Mônica Bergamo.
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O que disse Lula
Em mais uma dura declaração contra o massacre promovido pelo governo sionista de Israel na Faixa de Gaza, Lula afirmou, ao deixar a Etiópia na manhã deste domingo (18), que o genocídio na região palestina só encontra um precedente na História do mundo: "quando Hitler resolveu matar judeus".
A declaração se deu quando Lula afirmou que o Brasil vai voltar a defender na Organização das Nações Unidas (ONU) o direito de existência de um estado Palestino na região, algo que é desrespeitado por Israel desde 1948. O país também aumentará as doações para a Palestina.
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Lula ainda voltou a criticar a suspensão da ajuda humanitária para a UNRWA, agência das Nações Unidas de Assistência e Trabalho para Refugiados da Palestina no Oriente Próximo - na sigla em inglês - após lobby de Israel.
Em janeiro, mais de 10 países, entre eles os Estados Unidos e a França, interromperam o envio de dinheiro depois que funcionários da organização foram acusados sem provas por Israel de ajudar o Hamas a atacar o país em 7 de outubro de 2023.
"Ora, se teve algum erro nessa instituição que recolhe o dinheiro, então apura-se quem errou. Mas, não suspenda a ajuda humanitária a um povo que está há quantas décadas tentando construir seu Estado", disse Lula.
"O Brasil vai reconhecer na ONU que o Estado palestino seja reconhecido oficialmente como pleno e soberano. [...] É preciso parar de ser pequeno quando a gente deve ser grande. O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existe em nenhum momento histórico... Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus", emendou o presidente brasileiro.
A repercussão
A maioria das críticas à declaração do presidente brasileiro vem, naturalmente, do governo de Israel, incluindo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, parte da mídia nacional e da oposição ao governo Lula no Congresso.
Netanyahu classificou a declaração de Lula como "vergonhosa", afirmou que o presidente "ultrapassou uma linha vermelha" e repreendeu publicamente o embaixador brasileiro em Tel Aviv. Em resposta, Lula agiu com firmeza, chamando o embaixador brasileiro em Israel de volta ao Brasil "para consultas" e convocando o embaixador israelense "para esclarecimentos".
Antes da escalada diplomática entre Brasil e Israel, Netanyahu e o presidente do país, Isaac Herzog, instaram líderes mundiais a rejeitar a comparação feita por Lula entre o genocídio em Gaza e o Holocausto. No entanto, esse apelo não obteve resposta até o momento.
Apesar das críticas da mídia brasileira, das entidades judaicas, da oposição no Congresso Nacional e do governo israelense, nenhum líder mundial de relevância, chefe de Estado ou presidente, para além de Israel, se pronunciou ou repudiou a fala de Lula.