Alvo de críticas da ultradireita fascista, o Papa Francisco teve um envergonhado encontrado com Javier Milei, presidente da Argentina - onde o pontífice nasceu - na manhã deste domingo (11).
A presença de Milei foi praticamente ignorada pelo Vaticano, que escondeu imagens e sequer citou Milei no texto sobre a missa de canonização da primeira santa argentina, Mama Antula, no site em espanhol da agência de notícias católica Vatican News.
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Na versão em português, o Vaticano fez uma única citação, dizendo que "Francisco presidiu a missa de canonização da primeira santa argentina, Mama Antula, com milhares de fiéis vindos de seu país e também o presidente Milei".
Em contrapartida, Milei tentou turbinar o encontro com o pontífice, que se deu rapidamente, durante a celebração.
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Milei fez 19 publicações - próprias ou compartilhamentos - apenas na rede X, antigo Twitter, em cerca de 2 horas sobre o encontro com o papa. O presidente argentino ainda usou as redes oficiais da Presidência para turbinar o encontro, que foi ignorado pelo Papa nas redes sociais até às 10h deste domingo (horário de Brasília).
Vídeo compartilhado pelo próprio Milei na rede mostra o constrangimento do papa ao ser abraçado pelo presidente fascista de seu país. O mandatário, no entanto, faz questão de abraçar o pontífice para posar para fotos - que também não foram distribuídas pela agência católica.
Recado velado
Na homilia, o Papa Francisco mandou um recado velado a Milei ao alertar que o terror provocado na sociedade, o preconceito e a "falsa religiosidade" são "lepras da alma".
"Medo, preconceito e falsa religiosidade: aqui estão três causas de uma grande injustiça, três 'lepras da alma', disse Francisco.
“Quantas pessoas sofredoras encontramos nos passeios das nossas cidades! E quantos medos, preconceitos e incoerências, mesmo entre quem acredita e se professa cristão. Esses medos continuam ferindo essas pessoas ainda mais! Também no nosso tempo há tanta marginalização, há barreiras a serem derrubadas, 'lepras' a serem curadas", emendou.
Francisco ainda alertou que essa "lepra da alma" resultam nas "gangrenas do egoísmo, preconceito, indiferença e intolerância".
Eleições
Em outubro passado, durante as eleições na Argentina, Francisco alfinetou Milei durante entrevista àjornalista Bernarda Llorente, da agência pública de notícias argentina Télam.
"Todos fomos jovens sem experiência e às vezes os meninos e meninas se aferram a milagres, a messias, a que as coisas se resolvam de forma messiânica", advertiu. "Messias só existe um que nos salvou a todos, os outros são todos palhaços messiânicos", emendou o papa, alfinetando também Jair Bolsonaro (PL).
"Tenho muito medo dos flautistas de Hamelin, porque eles são encantadores. Se fossem de serpentes eu os deixaria de lado, mas são encantadores de gente... E terminam afogando-as", disse ainda Francisco. "Gente que acredita que se sai da crise dançando ao som da flauta, com redentores aparecidos de um dia para o outro. Não".