GENOCÍDIO EM GAZA

Corpo de criança de 6 anos morta em fogo 'deliberado' israelense encontrado após 12 dias

Familiares encontram corpo de Hind Rajab, que havia implorado aos socorristas que enviassem ajuda após ficar presa pelo fogo militar israelense

Créditos: Reprodução X Ghada Ageel
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O corpo de uma menina palestina de seis anos, desaparecida por 12 dias após um tanque israelense mirar no carro de sua família em Gaza, foi encontrado junto aos corpos de dois socorristas enviados para procurá-los.

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A Sociedade do Crescente Vermelho da Palestina (PRCS, da sigla em inglês) e a família da menina, Hind Rajab, confirmaram neste sábado (10) que todas as sete pessoas dentro do carro foram mortas. 

A Crescente Vermelho, o equivalente à Cruz Vermelha no ocidente, organização de socorro palestina, anunciou que os integrantes da equipe Yusuf Zeino e Ahmed al-Madhoun foram mortos durante o ataque israelense contra civis na Cidade de Gaza.

Membros da família encontraram o corpo de Hind junto aos de seu tio e tia e seus três filhos perto de uma rotatória no subúrbio de Tal al-Hawa, na cidade, relatou a agência de notícias palestina Wafa.

Outro tio de Hind, Sameeh Hamadeh, disse que o carro estava cravejado de buracos de bala.

"A ocupação visou deliberadamente a ambulância assim que chegou ao local, onde foi encontrada a apenas metros de distância do veículo contendo a criança presa, Hind.Apesar da coordenação prévia para permitir que a ambulância chegasse ao local para resgatar a criança, Hind, a ocupação visou deliberadamente a equipe da ambulância do Crescente Vermelho da Palestina",  informou o comunicado da PRCS.

Mobilização no mundo árabe

No início deste mês, a PRCS publicou um arquivo de áudio no qual Hind podia ser ouvida implorando ao telefone com um membro da equipe de resgate.

Acredita-se que todos os membros de sua família tenham sido mortos antes dela, o que a deixou aterrorizada no carro com os corpos sem vida de seus entes queridos.

"Estou com tanto medo, por favor, venham. Por favor, liguem para alguém vir me buscar", ela foi ouvida chorando desesperadamente na ligação que a PRCS disse ter durado três horas em uma tentativa de acalmar a criança assustada.

As Forças de Defesa de Israel informaram anteriormente que não estavam cientes do incidente.

A PRCS havia iniciado uma contagem do número de horas desde que perdeu contato com Hind e a equipe, tentando chamar atenção para a situação dos trabalhadores da saúde palestinos, que persistem sob ataques constantes do exército israelense.

Em uma entrevista à Al Jazeera Árabe logo após a família ser alvo, a mãe de Hind disse que conseguiu falar com ela e com uma prima mais velha, Layan Hamadeh, de 15 anos, que estava com Hind no carro.

"Eles estão atirando em nós. O tanque está ao nosso lado", disse Layan em uma gravação divulgada na época.

Em seguida, uma saraivada de tiros foi ouvida, seguida por gritos, antes da linha ser cortada.

Símbolo do genocídio em curso

A situação de Hind, revelada nos angustiantes clipes de áudio, sublinhou as condições impossíveis para os civis diante do ataque de quatro meses de Israel a Gaza, que muitos governos classificaram como "genocídio".

O exército de Israel matou quase 28 mil pessoas - na maioria mulheres e crianças - desde 7 de outubro, quando combatentes do Hamas atacaram Israel, matando mais de 1.100 pessoas e capturando 253, de acordo com contagens israelenses.

Com informações da Al Jazeera