O Afeganistão hoje é um país carregado de estereótipos por conta da guerra ao Terror comandado pelos EUA no país, usualmente sendo associado com movimentos islamistas radicais como o Isis-K e o Taliban, que atualmente controla o governo em Cabul, capital afegã.
Mas a rica história da nação é marcada pelo apelido de “Cemitério de Impérios”. Desde a antiguidade, o país teve uma impressionante capacidade de resistir a invasões estrangeiras e derrotar grandes potências. De Alexandre, o Grande, ao moderno exército dos Estados Unidos, o Afeganistão foi a testemunhou a queda de inúmeros conquistadores.
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A queda de Alexandre
Por volta de 330 a.C., Alexandre, o Grande, enfrentou feroz resistência dos povos afegãos enquanto tentava expandir seu vasto império.
Foi em sua tentativa de conquistar a região e a Índia que o império de Alexandre começou sua derrocada política e territorial. Apesar de conquistar algumas regiões, a topografia traiçoeira e a constante insurgência local dificultaram a consolidação de seu domínio. Após a morte de Alexandre, o controle macedônio sobre o território logo se fragmentou.
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Posteriormente, o Império Sassânida - persa - e o Império Gupta - do norte da Índia - também enfrentaram desafios semelhantes. Apesar de controlarem partes do Afeganistão em períodos diferentes, ambos tiveram dificuldades para lidar com as tribos locais, conhecidas por sua lealdade à terra e habilidade em combates de guerrilha.
Os mongóis e a resistência medieval
No século XIII, o império de Genghis Khan parecia imparável, mas mesmo os mongóis enfrentaram obstáculos significativos no Afeganistão.
A destruição foi imensa, mas a resistência afegã tornou a ocupação do território um fardo pesado, forçando os sucessores de Genghis a lutar continuamente para manter o controle do país.
Mesmo sob controle dos mughais - herdeiros do legado mongol -, uma guerra incessante entre 1526 e 1752 que enfraqueceu profundamente os muçulmanos que governavam o território do subcontinente indiano.
A “Grande Jogo” e as derrotas britânicas
No século XIX, o Afeganistão se tornou peça central da rivalidade entre o Império Britânico e a Rússia Imperial, conhecida como o “Grande Jogo”.
Os britânicos, em sua tentativa de usar o país como estado-tampão contra os russos, lançaram três guerras anglo-afegãs (1839-1919).
Na primeira, sofreram uma das derrotas mais humilhantes de sua história: quase todo o exército britânico foi dizimado enquanto tentava se retirar de Cabul em 1842.
Mesmo nas guerras seguintes, os afegãos mantiveram sua soberania, e o país emergiu como um símbolo de resistência contra o imperialismo europeu e não foi conquistado.
A União Soviética e a guerra moderna
Na década de 1980, o Afeganistão mais uma vez desafiou uma superpotência. A invasão soviética em 1979 marcou o início de uma guerra de uma década que drenou recursos e moral do exército da URSS. Os soviéticos defendiam o governo local de orientação socialista, mas não conseguiram garantir a libertação do país.
Com financiamento e treinamento estadunidenses, os mujahidin afegãos - que deram origem aos talebãs - infligiram uma série de derrotas ao exército soviético, contribuindo para a eventual dissolução da União Soviética.
Os Estados Unidos e o fim do “Sonho de Ocupação”
Em 2001, após os atentados de 11 de setembro, os EUA invadiram o Afeganistão com o objetivo de derrubar o Talibã e erradicar a Al-Qaeda. Apesar de suas vitórias iniciais, os americanos logo se viram presos em um conflito interminável, enfrentando resistência insurgente que se alimentava do conhecimento do terreno e da determinação local.
Após duas décadas, trilhões de dólares gastos e milhares de vidas perdidas, os EUA se retiraram em 2021, deixando o Talibã novamente no poder. Estariam os EUA seguindo o mesmo caminho de seus antecessores?