O Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos abriga desde o último domingo (13) mais de 90 refugiados afegãos, que permanecem acampados nos nos terminais. A Organização Não Governamental “Coletivo Frente Afegã” afirma que destes afegãos 32 são crianças e há 20 famílias no grupo. Os imigrantes vieram ao Brasil devido ao visto de acolhida humanitária, fugindo do regime do Taleban que voltou a tomar conta do Afeganistão após a saída das tropas dos EUA em 2021.
"Sem uma medida efetiva não cessará. Precisamos de um local provisório com estrutura, que foi prometido na reunião do dia 30 de junho entre os poderes municipal, estadual e federal", afirmou a voluntária da ONG, Aline Sobral.
A Prefeitura de Guarulhos se manifestou em nota lamentando que não poderá oferecer acolhimento ao grupo na cidade. De acordo com a nota, das 177 vagas destinadas ao recebimento dos refugiados em Guarulhos, 127 são geradas pela municipalidade e 50 pelo governo estadual, mas todas estão preenchidas.
Ainda de acordo com a Prefeitura, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social está mobilizando instituições parceiras, além dos governos estadual e federal para conseguir vagas de acolhimento aos afegãos.
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Entre setembro de 2021 e março de 2023, o governo emitiu mais de 7,2 mil vistos humanitários para afegãos, segundo o Ministério das Relações Exteriores. Entre janeiro de 2022 e abril deste ano foram contabilizados mais de 6 mil afegãos que vieram ao Brasil em busca de refúgio, de acordo com o Sistema de Tráfego Internacional da Polícia Federal.
Ao ser questionado pelo portal Metrópoles, o Ministério de Justiça e Segurança Pública (MJSP) afirmou que o atraso em atender os afegãos refugiados advém da imprevisibilidade de quando desembarcarão no aeroporto e que o acolhimento é realizado conforme a abertura de novas vagas.
A decisão do Governo Federal de estabelecer uma política humanitária de apoio aos afegãos ocorreu após o Talibã, grupo fundamentalista do Afeganistão, tomar poder no país e realizar ações extremistas, como fechar escolas e proibir que mulheres frequentem o ensino superior.
No mês passado, um coletivo de mulheres que protestava em Cabul contra a decisão de fechar os salões de beleza foi recebido com jatos de água. Além disso, o país está passando por uma crise de saúde pública de acordo com a Organização Mundial da Saúde (ONU).
No mês de junho, diversos afegãos foram contaminados por um surto de sarna e o governo precisou remanejá-los para um local apropriado, na Colônia de Férias do Sindicato dos Químicos em Praia Grande, localizada no litoral paulista. O abrigo, que seria temporário, segue acolhendo os refugiados e já está com as vagas lotadas.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública afirma que o Governo Lula está “finalizando um plano de ação de médio prazo que viabilizará os acolhimentos”. Enquanto isso, os imigrantes seguem nos corredores do aeroporto à espera de um lugar para onde possam ir e seguir com suas vidas.