O regime fundamentalista islâmico do Talibã, que controla o Afeganistão após sua volta ao poder, em 2021, 20 anos depois de uma sangrenta intervenção dos EUA no país, anunciou esta semana o endurecimento das regras para as mulheres que vivem na nação asiática, que já viviam sob as condições mais cruéis em todo o mundo.
A mudança tornou-se pública após um comunicado do Ministério da Justiça do Talibã, que comentou um documento de 114 páginas, composto por 35 artigos, que foi promulgado para colocar em vigor a nova “lei para promover a virtude e prevenir o vício”, um compilado de absurdos que estariam em consonância com a “sharia”, a lei islâmica.
A partir de agora, além de utilizarem a “burca”, vestimenta que cobre totalmente o corpo, inclusive o rosto (deixando apenas uma tela para as mulheres enxergarem), o Talibã determinou ainda a utilização de uma máscara por baixo desta roupa, do tipo utilizado na pandemia, para que mesmo que por um descuido, em caso da parte superior do pano da “burca” levantar ou cair, não seja possível ver qualquer coisas. Somente homens da família, e dentro de casa, podem ver a face dessas mulheres.
Sair de casa, a partir da promulgação da nova lei, só será possível “em caso de necessidade”, e sempre acompanhada por um homem da família. As mulheres também estão proibidas de falar qualquer coisa fora do local onde residem. Se sua voz for ouvida em locais públicas, o fato será passível de punições.
Condutores de ônibus não pode se dirigir às mulheres e elas estão proibidas de tomar qualquer transporte público sem a presença de um parente do sexo masculino. Dentro do veículo, elas não podem permanecer nos mesmos lugares que os homens.
Além das novas normas para as mulheres, outros procedimentos também foram implantados para a população em geral. Está proibido para qualquer afegão manter amizade com quem não seja muçulmano, por exemplo. Os homens também estão obrigados a usar barba e ela não pode ser curta. Todos devem fazer as cinco orações diárias preconizadas no islã, e isso engloba até trabalhadores de funções essenciais, como motoristas de ônibus, médicos, entre outros.
Além do que já era previsto como proibido, caso do adultério, homossexualidade, bebidas alcoólicas e jogos de azar, a nova legislação também veta expressamente que qualquer afegão veja imagens de seres humanos ou qualquer outro ser vivo em celulares e computadores.
Os níveis de punição para quem violar a recente “lei para promover a virtude e prevenir o vício” são advertências, multas, prisão preventiva de até três dias. Se o cidadão voltar a infringi-la, o caso será levado à Justiça, que poderá determinar castigos físicos, prisões mais duradouras e até a morte.