Uma série de veículos noticiaram neste semana que a China comprou uma mina de urânio na Amazônia pelo valor de R$ 2 bilhões. Contudo, a história é imprecisa e falsa.
De acordo com informações da Sputnik a empresa China Nonferrous Trade (CNT) fez a aquisição por US$ 340 milhões (R$ 2 bilhões) de uma reserva na região da hidrelétrica de Balbina, em Presidente Figueiredo, a 107 quilômetros de Manaus (AM). A mina pertencia à mineradora Taboca.
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A notícia fez com que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e outros parlamentares de extrema direita afirmarem que o Brasil estaria entregando suas riquezas minerais para a China, mas a informação não é correta.
A reserva, de fato, possui grande quantidades de estanho, além de possíveis reservas nióbio, urânio, tântalo e outros minerais.
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Isso significa que a empresa chinesa vai explorar urânio no Brasil?
Não.
Apesar da mina adquirida pela empresa chinesa possuir, sim, urânio, o material não pode ser extraído pela mineradora.
A exploração de urânio no Brasil é de exclusividade da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), empresa pública brasileira.
"De acordo com a Lei nº 14.514, de 29 de dezembro de 2022, cabe à INB a pesquisa, a lavra e a comercialização de minérios nucleares, de seus concentrados e derivados, e de materiais nucleares, e sobre a atividade de mineração", afirma a INB em nota.
"O que aconteceu, na verdade, foi a venda de uma mina de estanho que existe no Amazonas. Uma das maiores do mundo e que tem como subproduto ferroligas de nióbio e tântalo. Além disso, a operação gera um resíduo que contém urânio, que é monitorado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Não há produção de urânio no local", explica a entidade.
"É importante esclarecer que a jazida não pode ser considerada “a maior reserva de urânio no Brasil”, como publicado em veículos de comunicação. Reserva é a parte economicamente lavrável de um recurso mineral medido e/ou indicado, cuja viabilidade técnico-econômica da lavra tenha sido demonstrada por meio de estudos técnicos adequados. No local há somente uma estimativa de potencial de recursos ainda não comprovada", afirma a empresa.
"Qualquer urânio encontrado no país é monopólio da INB. Mas, como na jazida em questão ele é um subproduto sem tecnologia viável para separação, a empresa não é obrigada a se associar com INB. Caso a empresa tenha uma tecnologia e queira produzir, precisa entrar em acordo com INB", completa.