A cidade de Islamabade, capital do Paquistão - um dos nove países com armas nucleares do mundo -, está atualmente sitiada. Milhares de manifestantes, defensores de Imran Khan, ex-primeiro-ministro paquistanês preso por peculato de joias, tomaram o centro político do país, exigindo a libertação do líder do partido Tehreek-e-Insaf (PTI).
Os manifestantes sequestraram policiais ao redor da cidade e os mantêm como reféns, exigindo que o atual governo - uma frente ampla entre históricos rivais da esquerda e da direita paquistanesa - liberte Imran Khan. Seis mortes foram reportadas, embora não esteja claro se as vítimas são manifestantes ou forças de segurança.
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A cidade foi isolada, com todas as suas entradas bloqueadas pelo Exército. O ministro do Interior ordenou que as forças de segurança atirem para matar manifestantes, mas, até o momento, não há registros de novas vítimas. As comunicações no país estão sob forte controle, com restrições ao uso de redes sociais.
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Nestas imagens, manifestantes ultrapassam e sobem nas barricadas de conteineres feitas pelo exército para sitiar a cidade:
Quem é Imran Khan?
Imran Khan é um ex-jogador de críquete, esporte nacional do Paquistão, e foi primeiro-ministro do país entre 2018 e 2022. Descrito como um líder populista, Khan foi condenado a 14 anos de prisão em um caso de corrupção e a outros 10 anos por vazar segredos de Estado.
Segundo a Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH), Khan é, assim como o presidente Lula foi, uma vítima de lawfare. No ano passado, revelou-se que sua destituição contou com apoio dos Estados Unidos após ele se recusar a alinhar o Paquistão à Otan no conflito entre Rússia e Ucrânia.
Mesmo com as condenações, o partido de Khan venceu as eleições de 2024 no Paquistão, conquistando 107 das 266 cadeiras no parlamento paquistanês - um número insuficiente para alcançar a maioria.
E o governo?
O governo do Paquistão atualmente é formado por uma aliança entre a Liga Muçulmana, partido histórico da direita paquistanesa, e o Partido Popular, uma legenda de centro-esquerda secular, comandada pela influente família Bhutto.
Essa união improvável entre dois rivais históricos foi articulada para enfrentar o popularíssimo e anti-establishment Khan, que mantém uma base de apoio considerável na população.
O Paquistão tem enfrentado problemas econômicos significativos, como uma inflação de 30% em 2023, além de uma crise de legitimidade política intensificada pela prisão de Khan, figura central que desafia a atual ordem política do país.