O partido Tehreef-e-Insaf (Movimento Paquistanês pela Justiça) venceu as eleições para o parlamento do Paquistão mesmo depois de uma intensa campanha de lawfare contra suas lideranças, em especial, Imran Khan, preso e condenado a 24 anos de cadeia.
Khan, que foi primeiro ministro do país entre 2018 e 2022, foi condenado a 14 anos de prisão em um caso de corrupção, um dia depois de ter sido condenado a 10 anos de prisão por vazar segredos de Estado. Note-se: a condenação veio uma semana antes dos resultados eleitorais.
Segundo a Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH), Khan é, assim como o ex-presidente Lula, uma vítima do lawfare.
No ano passado, foi revelado que o Khan foi derrubado com apoio dos EUA após Khan se recusar a apoiar a OTAN no combate na Ucrânia contra a Rússia.
O partido de Khan foi obrigado a correr como "independente" para não sofrer sanções do atual ministro Shebahz Sharif, da Liga Muçulmana do Paquistão, partido intimamente ligado aos militares do pais.
A legenda é de centro-esquerda e muito popular nos grandes centros urbanos. Nessas eleições, mesmo após a clara e evidente tentativa de silenciamento do movimento do Insaf, os "independentes" conquistaram a maior bancada do parlamento e devem ter prioridade para formar governo.
O Tehreef-e-Insaf conquistou 107 de 266 cadeiras e deve ter prioridade para formar governo, podendo se aliar com o PPP da família Bhutto ou com outros partidos minoritários da casa.
A vitória de Khan mostra uma falência da política institucional paquistanesa, usualmente subserviente aos EUA e aos seus militares. Contudo, algo é certo: governar da cadeia será uma missão quase impossível para um perseguido político. A situação em Islamabade deve se tensionar nos próximos dias.