O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, conversou por telefone com o presidente russo, Vladimir Putin, neste domingo (11) para discutirem a situação na Ucrânia e a busca pela paz na Europa. O telefonema teria ocorrido após Kiev lançar um ataque sem precedentes contra Moscou.
A ligação entre Trump e Putin foi noticiada pelo jornal estadunidense The Washington Post, embora nem Washington nem o Kremlin tenham confirmado oficialmente a ligação.
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De acordo com fontes do Post, Trump teria expressado interesse em manter conversas adicionais para tratar da resolução do conflito ucraniano. Durante sua campanha, o republicano prometeu resolver rapidamente a questão, mas ainda não apresentou detalhes sobre como isso ocorrerá.
Conforme o jornal, Trump demonstrou apoio a um possível acordo no qual a Rússia manteria controle sobre parte dos territórios ocupados. A Ucrânia foi informada sobre a conversa e, segundo o Post, Kiev não se opôs, entendendo que Trump pretendia tratar diretamente do tema com Putin.
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A reportagem destacou que as conversas de Trump com líderes internacionais não têm suporte do Departamento de Estado nem de intérpretes do governo, em parte devido à desconfiança de Trump e seus assessores em relação a funcionários de carreira, após vazamentos de transcrições durante seu primeiro mandato.
O porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, declarou na sexta-feira (8) que o presidente russo está aberto ao diálogo com Trump, mas que ainda não há nada concreto.
Durante uma sessão no Clube de Discussão Valdai, Putin parabenizou Trump pela vitória nas eleições, mencionando que não vê problema em estabelecer contato com ele.
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Trump, no entanto, afirmou à NBC que ainda não conversou com o presidente russo, mas considera a possibilidade de uma ligação "altamente provável."
Ataques de Kiev contra Moscou
Em meio às expectativas de como a administração Trump vai se posicionar sobre a Guerra da Ucrânia, Kiev realizou um dos mais intensos ataques à capital russa desde o início do conflito.
Na madrugada desta sexta-feira (7), Ucrânia lançou 34 drones contra Moscou. De acordo com o Ministério da Defesa da Rússia, a maioria dos drones foi interceptada pelo sistema de defesa aérea, mas algumas aeronaves não tripuladas atingiram áreas residenciais. O ataque é considerado o maior realizado pela Ucrânia contra a capital russa.
As autoridades russas informaram que os drones foram abatidos sobre a região de Moscou e outras áreas adjacentes, mas não relataram vítimas fatais. Imagens divulgadas nas redes sociais mostram fumaça e destroços em várias partes da cidade.
O governo ucraniano não assumiu oficialmente a autoria do ataque. No entanto, o uso de drones tornou-se uma estratégia recorrente na tentativa de desestabilizar a infraestrutura e as forças de segurança russas. Este ataque ocorre em um momento de escalada das tensões entre os dois países, com a Rússia intensificando bombardeios nas regiões de fronteira e cidades ucranianas.
A ofensiva aérea reacendeu debates sobre a segurança de Moscou e o impacto do conflito sobre a vida dos cidadãos na capital russa, que até então havia sido poupada de grandes ataques. O Kremlin prometeu fortalecer ainda mais o sistema de defesa da cidade e afirmou que continuará respondendo "com firmeza" às ações ucranianas.
Trump e a Guerra na Ucrânia
Trump tem expressado diversas opiniões sobre a guerra na Ucrânia. Durante sua campanha eleitoral, prometeu resolver rapidamente o conflito, embora não tenha detalhado como pretende fazê-lo. Em conversas privadas, Trump sugeriu apoiar um acordo em que a Rússia manteria alguns dos territórios ocupados na Ucrânia.
Trump chegou a afirmar que, se estivesse no poder, a Rússia não teria invadido a Ucrânia, atribuindo o conflito à falta de respeito do presidente russo, Vladimir Putin, pelo atual presidente dos EUA, Joe Biden.
Além disso, o republicano criticou o apoio financeiro e militar dos EUA à Ucrânia e sugeriu que o país deveria negociar com Moscou para encerrar o conflito. Ele também mencionou a possibilidade de suspender a ajuda à Ucrânia caso não haja negociações de paz com a Rússia.
Trump e Zelensky
Trump já fez diversas declarações sobre o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky ao longo dos últimos anos, especialmente desde o início do conflito entre a Rússia e a Ucrânia.
Após o primeiro encontro em 2019, quando Zelensky assumiu o cargo de presidente da Ucrânia, Trump se referiu a ele como "um bom cara" e destacou o desejo de ambos os países de manter uma relação próxima.
Naquele mesmo ano, uma ligação entre ele e Zelensky em julho, gerou grande repercussão e acabou levando ao primeiro processo de impeachment do republicano. Na conversa, o presidente dos EUA teria o colega ucraniano a a investigar Joe Biden e seu filho, Hunter Biden, em troca de ajuda militar para a Ucrânia. Trump sempre defendeu que a conversa foi "perfeita" e negou qualquer pressão inadequada sobre Zelensky.
Depois de deixar a Casa Branca e em clima acirrado da campanha eleitoral da qual saiu vitorioso, Trump passou a questionar o nível de apoio militar e financeiro que os Estados Unidos têm dado à Ucrânia sob a presidência de Biden.
Trump deu a entender que a Ucrânia não deveria depender tanto do apoio de Washington e já mencionou que, em seu retorno à Casa Branca, poderia restringir ou reavaliar o suporte dado ao país. Ele também sugeriu que Zelensky deveria negociar com Putin para encerrar o conflito.
Em várias ocasiões Trump afirmou que, se fosse presidente, conseguiria resolver o conflito entre a Rússia e a Ucrânia em "24 horas". Ele diz que forçaria uma negociação entre Zelensky e Putin, embora não tenha detalhado como concretizaria esse plano.
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